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Brasil insistirá em não-alinhamento e busca China para “Clube da Paz”

O presidente Lula viaja ao país no final de março e a ideia é que tente apoio dos chineses para o que vem sendo chamado pelo próprio presidente brasileiro de "Clube da Paz", ou "G-7 da Paz"
Arte/CNN

A despeito da pressão ocidental, o Brasil insistirá em uma política de não-alinhamento na guerra da Ucrânia.

Diplomatas brasileiros diretamente envolvidos na formulação da política externa brasileira do governo Lula disseram a CNN nos últimos dias que o Brasil se manterá equidistante da Rússia e da Ucrânia e que aproveitará os contatos diretos de Lula com lideranças mundiais nos próximos meses para tentar criar uma mesa de negociação com países que não se envolveram ainda diretamente na guerra.

O primeiro alvo do Brasil é a China. O presidente Lula viaja ao país no final de março e a ideia é que tente apoio dos chineses para o que vem sendo chamado pelo próprio presidente brasileiro de “Clube da Paz”, ou “G-7 da Paz”.

A declaração nesta quinta-feira do chanceler russo de que vê a ideia positivamente foi muito comemorada pela diplomacia brasileira e considerada um gesto claro e concreto de que o país está no caminho certo. Os chineses são considerados o caminho para o convencimento dos russos a aceitar uma mesa de negociação por estar se tornando cada vez mais aliados da Rússia.

Diplomatas respondem às críticas de que se trata de algo muito pretensioso com o argumento de que não há alternativa viável para a guerra se não a busca de mediação. A avaliação é de que o estágio atual da guerra é de um impasse em que nem os russos nem os ucranianos conseguirão vencer o conflito e que a solução negociada é a ideal.

Há uma percepção também de que a perspectiva brasileira é obrigatoriamente distinta da de países do ocidente. Da dos europeus porque se viram envolvidos em guerras diretamente com os russos e que, nesse sentido, haveria dentre os europeus uma “russofobia” que impediria um olhar mais negociado para o conflito e um discurso com ênfase pró. Da dos americanos porque há a leitura que a guerra em certo sentido tem ajudado o país a retomar uma influência sobre a Europa e afastado o continente da dependência energética russa, em especial do gás natural. Também forçou, sob essa ótica, os europeus a discutir alternativas. Ou seja, para olhar de parte de diplomatas brasileiros, o conflito tem ajudado os Estados Unidos a recuperar um espaço geopolítico perdido.

Fontes do Itamaraty também colocam que americanos e europeus que acusam Wladimir Putin de violar tratados internacionais também o fizeram em diversas ocasiões nas últimas décadas. Citam desde eventos mais recentes, como o reconhecimento da Alemanha e da França do território de Kosovo e a invasão do Iraque pelos Estados Unidos, até mais antigos, como questões envolvendo o conflito árabe-israelense na Palestina.

Há em suma uma leitura de que o que está em xeque são dois grandes conflitos internacionais: o do respeito à integridade territorial, que fundamenta a visão americana e europeia ao condenar a invasão da Ucrânia pela Rússia; e o da autodeterminação dos povos, em que se baseia países que veem espaço para defender a identidade russa de parte da população que vive na Ucrânia.

Diplomatas brasileiros também colocam os prejuízos do conflito para o Brasil, como a fragilização do multilateralismo e a desorganização das cadeias globais de valor e das regras de comércio.

A ideia do Palácio do Planalto é, nesse sentido, aproveitar os espaços nas viagens internacionais do presidente Lula para defender a tese do não-alinhamento e da busca de um acordo. Mas também se utilizar dos palanques mundiais que Lula terá para encampar a tese. o Brasil sediará a reunião do G-20 em 2024 e a COP-30 em 2020.
Também está prevista uma reunião dos Brics.

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