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Ações da Eletrobras desabam 30% nos últimos seis meses

Críticas à privatização da empresa de energia têm motivado incertezas dos investidores, afirmam especialistas
ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Prestes e completar um ano, a privatização da Eletrobras (ELET3) ainda não rendeu bons frutos aos investidores que apostaram na compra das ações da companhia e até contribuíram com parte do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para financiar a capitalização.

O processo que resultou na privatização da empresa movimentou cerca de R$ 33,7 bilhões e fixou em R$ 42 o preço de cada ação. De lá para cá, o valor de cada papel da companhia atingiu o patamar de R$ 51,24 no pregão do dia 4 de novembro do ano passado.

A alta registrada na primeira semana após a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não foi mantida e a série de críticas ao processo de privatização resultou na queda de 33,1% no valor das ações desde o pico alcançado no início de novembro.

No pregão da última quinta-feira (18), os papéis da maior empresa de energia da América Latina fecharam o dia a R$ 34,26, valor quase 20% menor do que aquele negociado na oferta de ações da empresa .

Lula defende a tese de que o poder de voto da União nas decisões da companhia seja proporcional à participação acionária na empresa. Hoje, o governo mantém por volta de 43% das ações ordinárias, mas conta com o seu poder de voto limitado a 10%. A tentativa de ampliar o poder do governo está em análise no STF (Supremo Tribunal Federal).

Marcelo Godke, especialista em Direito empresarial e mercados de capitais, vê as investidas contra o processo de capitalização como negativas para o desenvolvimento da Eletrobras. “Ao invés de a companhia ser administrada de acordo com interesses próprios, ela será administrada de acordo com os interesses do Estado, o que muitas vezes acontece em detrimento dos outros investidores e da própria empresa”, avalia ele.

Arlindo Souza, analista de ações do TC Economatica, também cita a atual postura do governo como prejudicial para o desempenho da empresa. “Esse movimento traz incertezas para o mercado e justifica a performance ruim dos papéis da Eletrobras”, afirma.

Souza reforça ainda que o mercado aposta que a capitalização traga uma série de melhorias na performance e na eficiência da empresa. Ele, no entanto, afirma que a queda dos preços do mercado livre de energia prejudicou a companhia nos últimos meses.

“Quando a gente olha para os preços no mercado livre de energia, eles apresentam uma variação negativa de 52% no último ano. O valor, em maio de 2022, era de R$ 176 por megawatts hora. Hoje, esse preço está em R$ 82,33, sem perspectiva de melhora no curto prazo”, observa o analista ao citar o volume “absurdamente alto” dos reservatórios.

A privatização da Eletrobras movimentou R$ 33,7 bilhões e representou uma das maiores ofertas de ações em todo o mundo em 2022. Na Bolsa nacional, a operação é a principal desde a capitalização da Petrobras, em 2012, que movimentou R$ 100 bilhões.

FGTS

Para os mais de 350 mil trabalhadores que destinaram parte dos recursos do FGTS para ajudar na capitalização da Eletrobras, o cenário é de prejuízo.

Devido à alta procura, o teto definido para a utilização dos recursos, de R$ 6 bilhões, foi superado em 50%, o que fez com que apenas 66,8% do valor indicado para a aplicação fosse efetivamente direcionado para a compra das ações.

Entre os 15 fundos que aderiram ao processo, os prejuízos variam de 11,14% (Caixa Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários S.A.) a 16,57% (Bram — Bradesco Asset Management S.A. Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários), de acordo com dados compilados pela TC Economatica até a última segunda-feira (15).

Marcelo Godke avalia que aqueles com recursos alocados na empresa devem digerir a perda. “[Os investidores] vão perder, paciência. Da próxima vez, essas pessoas não vão mais colocar dinheiro e vai ser mais difícil fazer caixa e financiar as empesas que têm o controle estatal”, prevê.

O período mínimo de manutenção da aplicação do dinheiro do FGTS é de um ano, sem a possibilidade de ser devolvido para as contas do Fundo até junho de 2023, quando a privatização completará um ano.

 

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