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Pacientes com Covid são amarrados a macas no Amazonas por falta de sedativo

Conteúdo Globo 

Pacientes com Covid do Hospital Municipal Jofre Cohen, em Parintins, a 370 km de Manaus, estão inconscientes, intubados e em estado grave. Eles passaram o fim de semana amarrados nas próprias macas, com nós improvisados com gaze. O motivo: acabou o sedativo usado na intubação.

A presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira disse que diante da situação de não ter sedativos, o procedimento de amarrar o paciente não está errado e explicou o que pode acontecer quando acaba o efeito da sedação.

“A primeira coisa que pode acontecer é uma auto-extubação. Ele tira o tubo e isso pode levar, inclusive, a uma parada cardíaca. É desumano a gente pensar em uma pessoa que vai ser mantida em uma ventilação mecânica, em uma ventilação artificial, sem estar sob analgesia e uma boa sedação. Porque ela vai sentir desconforto, ela vai sentir ansiedade, ela vai sentir medo. E tudo isso vai levar a consequências muito graves mesmo que não na hora, no futuro. Pode levar a várias consequências traumáticas para essa pessoa”, explica Suzana Lobo, presidente da Associação Brasileira de Medicina Intensiva.

A Defensoria Pública confirmou a autenticidade dos vídeos e vai apurar a situação dos pacientes. “A Defensoria vai oficiar a Prefeitura de Parintins, mas também a direção do hospital, para pedir esclarecimentos sobre o fato que as imagens retratam. A depender dessa resposta, a gente vai, sim, analisar e considerar, sim, a propositura de uma ação judicial”, afirma o defensor público Rafael Barbosa.

Segundo a Defensoria Pública do Amazonas, pacientes graves de Parintins e de outras cidades do interior ganharam da Justiça o direito de serem transferidos para Manaus, único município que possui hospitais com UTI. Mas, a pedido do governo do estado, o Tribunal de Justiça suspendeu todas as transferências que tinham ordem judicial. Agora, eles aguardam na fila da transferência, que está com quase 150 pacientes.

A intubação é um procedimento que visa preservar a respira em quadros de complicação respiratória grave, como as que acontecem com os pacientes de Covid. Com isso, o paciente passa a respirar com auxílio mecânico. É um dos recursos usados na recuperação de um paciente com Covid.

Antes da pandemia, os hospitais do Amazonas consumiam 800 ampolas por mês de um dos medicamentos usados para sedação. Com a nova explosão de casos de Covid, o número subiu para 28 mil ampolas em dezembro, e 50 mil em janeiro – quando o estado viveu o momento mais crítico.

Hoje, o estado consome mais da metade do produto comercializado no Brasil. Há receio pela falta do produto no mercado, por causa do segundo pico da pandemia.

“Hoje, nós temos uma preocupação no estado com bloqueadores neuromusculares. Entretanto, o estado fez suas compras, fez suas aquisições necessárias. Nos preocupa a produção nacional, porque se repetir em outros estados o que aconteceu aqui no estado do Amazonas, nós podemos ter um desabastecimento nacional se a indústria farmacêutica não aumentar sua produção”, diz Cláudio Nogueira, diretor da Central de Medicamentos/AM.

Por telefone, o secretário de Saúde de Parintins, Clérton Florêncio, disse que a denúncia não procedia e que mandaria uma resposta oficial, mas não atendeu mais o telefone depois. O Jornal Nacional também não conseguiu contato com a prefeitura.

A Secretaria de Saúde do Amazonas declarou que mandou os medicamentos no próprio no sábado (20), logo depois de receber o pedido do município; que não houve relatos oficiais dos fatos mostrados na reportagem; que tem removido pacientes com recursos próprios e com apoio da FAB; e que nesta terça-feira (23) uma força tarefa irá a Parintins para verificar o motivo do alto número de internações.

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