O jornalista gaúcho José Roberto Garcez, de 72 anos, morreu na noite deste domingo (20), em São Paulo, vítima de infarto. Natural de Porto Alegre, ele ocupou importantes cargos ao longo de sua trajetória. Foi diretor da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e presidente da Radiobras.
O presidente da EBC, Jean Lima, destacou o papel de Garcez na criação da empresa. “A comunicação perde um jornalista de grande importância, que desempenhou um papel essencial na criação e na defesa da EBC. Garcez sempre foi um defensor da valorização da comunicação pública, deixando um legado significativo. Meus sinceros sentimentos à família, aos colegas de trabalho e amigos”, disse.
A jornalista Tereza Cruvinel, primeira presidente da EBC, contou que Garcez já vinha das lutas pela comunicação pública antes da criação da empresa, tendo presidido a Fundação Piratini e a Radiobras. “Teve papel ativo no Fórum da TV Pública e na luta pela aprovação da MP 398, que gerou a lei da EBC. Vou lembrar sempre dele como um lutador que colocava os resultados acima das vaidades, lamentando termos tido pouco contato nos últimos tempos.”
“Nos primeiros quatro anos de existência da EBC, período crucial para consolidação da empresa e da TV Brasil, Garcez foi mais que um extraordinário diretor da EBC Serviços, unidade que atendia às demandas da Secom, segundo nosso contrato. Tive nele um colaborador sempre disposto a assumir outras tarefas que surgiam. Por muito tempo ele acumulou, por exemplo, o desafio de articular a rede pública de televisão com as emissoras estaduais”, relatou. “Tive também nele um conselheiro que eu sempre ouvia nos momentos difíceis e um pacificador na hora dos conflitos”, lembrou Tereza.
Presidente da Radiobras no governo Luiz Inácio Lula da Silva, o jornalista Eugênio Bucci afirmou que Garcez foi uma influência e uma presença forte na gestão e na condução da empresa durante o período em que esteve lá. Quando Bucci se afastou da presidência da empresa, Garcez ficou em seu lugar. “E ele participou da transição para a criação da EBC e eu também participei um pouco ao lado dele”, lembrou. “Eu tenho, sempre tive, um respeito enorme pela seriedade, pela competência, pela visão humanista e marcadamente generosa com que ele trabalhava todos os dias e que ele imprimia à sua conduta”, disse Bucci.
“Garcez foi um militante incansável da comunicação pública, um líder generoso, um colorado fanático e um amigo leal. Foi fundamental na reforma democrática da Radiobras e na construção da EBC. Como clássico militante de esquerda, se dedicou muito mais ao projeto do que à própria biografia. Fez história e ficará para sempre, em nossa memória, como um admirável brasileiro”, disse a jornalista Helenise Brant, que foi diretora de Jornalismo na Radiobras e diretora executiva de Produção na EBC.
A jornalista Patrícia Duarte, atualmente na Secretaria de Comunicação da Presidência da República, foi sua colega na Radiobras. Ela descreveu Garcez como um jornalista comprometido com a defesa da comunicação pública e da democratização dos meios de comunicação. “Trabalhar com ele foi uma admiração construída, aprendi muito, era uma pessoa muito dócil, muito gentil, muito alegre, que sempre fazia a gente se sentir à vontade. Muito mais do que isso, era um jornalista extremamente competente, com um texto brilhante e uma pessoa muito agradável no convívio.”
“Além de ter sido diretor de Jornalismo da Radiobras, ele foi um dos pilares da construção da Empresa Brasil de Comunicação que a gente conhece hoje. Ele esteve presente na Conferência Nacional de Comunicação e fez um trabalho sensacional nessa área. Era um jornalista extremamente comprometido com a defesa dessa comunicação pública e por essa luta para que cada vez mais cidadãos e cidadãs participassem da construção de uma comunicação livre, democrática, num país como o Brasil”, disse Patrícia.
O jornalista foi também diretor da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SindJoRS), além de presidir a Fundação TV Piratini, responsável pela TV e rádio pública do Rio Grande do Sul, hoje extinta.
O SindJoRS manifestou, em nota de pesar, solidariedade à família, aos colegas e amigos. Garcez fez parte da diretoria do sindicato, onde atuava desde 12 de março de 1979. A Associação Riograndense de Imprensa também lamentou, por meio de rede social, a perda de Garcez.
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