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Desempenho de Moro em pesquisas ameaça causar debandada no Podemos

Na última pesquisa divulgada, do PoderData, por exemplo, Moro aparece com apenas 8% das intenções de voto.
Imagem: Roberto Sungi/Futura Press/Estadão Conteúdo

O baixo rendimento do pré-candidato à Presidência Sergio Moro nas pesquisas eleitorais tem preocupado seu partido, o Podemos, que tenta evitar uma debandada de seus filiados.

Na última pesquisa divulgada, do PoderData, por exemplo, Moro aparece com apenas 8% das intenções de voto.

Políticos que estudam deixar o Podemos e que conversaram com a reportagem sob a condição de anonimato atribuem o mau desempenho a uma estratégia de marketing “falha”.

Muito destaque na mídia

Segundo esses discordantes, a campanha do ex-ministro o colocou em destaque na mídia durante meses, o que acabou “enfraquecendo o discurso” do pré-candidato. Além disso, avaliam que os marqueteiros poderiam ter usado os políticos mais próximos de Moro, principalmente para mostrar uma maior “unidade partidária”.

Eles ressaltam que, durante as poucas viagens que Moro já fez na pré-campanha, o ex-juiz não aproveitou os bons oradores do partido, como o general Santos Cruz, em eventos, entrevistas e programas, em especial de rádio, que participou.

Moro coloca chapéu de vaqueiro em visita ao Recife - BLOG DE JAMILDO - BLOG DE JAMILDO

Segundo os políticos, que não quiseram ter os nomes publicados, esse isolamento de Moro fez com que ele fosse considerado o único culpado pelo mau desempenho nas pesquisa, o que consequentemente pode levar à debandada no partido.

Promessas descumpridas

A sigla também prevê que políticos de outras agremiações que haviam se comprometido a mudar para o Podemos na esteira de Moro descumpram a promessa.

Durante o ato de filiação do ex-ministro Santos Cruz, em novembro de 2021, a presidente nacional do partido, a deputada federal Renata Abreu (SP), afirmou ao UOL que o Podemos mantinha conversas com integrantes de outros partidos, em especial, insatisfeitos do PSDB, do PL e do União Brasil.

São os parlamentares de outros partidos que têm procurado o Podemos”Renata Abreu, presidente nacional do Podemos, em novembro de 2021

Moro elogiou Santos Cruz por ter abandonado o governo Bolsonaro - Reprodução - Reprodução

O mau desempenho do pré-candidato nas pesquisas fez com que parte dos dissidentes de outros partidos não mais optasse pela sigla do ex-juiz. Dessa forma, esses políticos, principalmente em âmbito estadual, começaram a ser abordados por outras legendas tradicionais.

Lista tucana

De olho no atrito interno do Podemos, os tucanos produziram uma lista de políticos que pretende tirar da sigla adversária para concorrer nas próximas eleições pelo PSDB.

UOL descobriu que o partido indicou 26 nomes de filiados ao Podemos para investir. No compilado, há, ao menos, um senador, três deputados federais e lideranças estaduais.

As negociações com políticos mais tradicionais em âmbito estadual, porém, vêm sendo conduzidas por representantes do governador de São Paulo, João Doria, pré-candidato à presidência.

Doria negociador

Na quinta-feira (20), o grupo ligado ao governador divulgou a filiação do ex-presidente do Podemos do Paraná César Silvestri Filho ao PSDB.

No Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo, Doria comemorou a adesão de Silvestri, que deverá sair como candidato ao governo do Paraná.

“O PSDB está muito orgulhoso de ter agora em suas fileiras este jovem político. Quero não só cumprimentar o César, mas dizer a ele que essa casa tucana o recebe de braços abertos”, afirmou Doria no dia.

João Doria negocia ida de políticos do Podemos para o PSDB - Sergio Andrade/Agência Brasil - Sergio Andrade/Agência Brasil

A mudança do político paranaense causou um mal-estar entre as principais lideranças do Podemos. Nomes fortes da legenda, como o senador Álvaro Dias, o governador do Paraná, Ratinho Júnior, e o próprio pré-candidato Sergio Moro tentaram impedir a saída de Silvestri, segundo fontes ligadas à cúpula partidária. Mas ele já estava decidido a ir para o PSDB.

Articuladores tucanos entendem que a adesão fortalece o palanque de Doria no Paraná, já que o estado é “símbolo da operação Lava Jato”, ressaltou um dos aliados do governador de São Paulo.

Além de Silvestri, que deverá levar um número considerável de políticos regionais ao ninho tucano, integrantes da campanha do PSDB tentam convencer filiados do Podemos em São Paulo a deixarem a legenda de Moro.

O Republicanos age na mesma linha, mas mira nas lideranças religiosas do Podemos. Algumas fontes na legenda confirmaram que o deputado federal Roberto de Lucena (SP), considerado o “príncipe” dos evangélicos na Câmara, já negocia sua mudança.

UOL questionou a assessoria de imprensa do Podemos a respeito da possível debandada, mas não obteve retorno. A comunicação do PSDB também foi questionada sobre o interesse dos tucanos em integrantes da outra sigla, mas não respondeu até a publicação desta reportagem. Se os partidos responderem, o texto será atualizado.

Possível migração para o União Brasil

Observando a situação de Moro nas pesquisas, o União Brasil (sigla formada pela junção do DEM e do PSL) demonstrou interesse no ex-juiz. Ao jornal O Globo, a presidente do Podemos confirmou que recebeu essa proposta.

“Parlamentares do União Brasil pediram para avaliarmos esta possibilidade de o Moro migrar para o partido, mas não temos nada concreto”, disse Renata Abreu. Segundo o jornal, alguns políticos do União Brasil pensam em ceder à deputada a cadeira de vice na chapa presidencial do partido se ela colaborar para a mudança de sigla.

“Se todo mundo chegar à conclusão de que é o melhor caminho Moro ir para o União Brasil, será bom para todos os lados. É algo para somar, em comum acordo. É um projeto único”, comentou Renata.

Em entrevista ao UOL News, o vice-presidente nacional do PSL, deputado federal Júnior Bozzella (PSL-SP), afirmou que Moro pode se fortalecer no União Brasil.

“Para mim, o Brasil pode ser um imã importante para o polo democrático. Uma vez o Moro estando aqui ele pode se fortalecer ainda mais e conseguindo atrair até outros presidenciáveis ou outros tantos atores do polo democrático”, avaliou.

Bozzela acrescentou que Moro já havia sido convidado para o União Brasil antes mesmo da filiação ao Podemos. “Mas já tinha um caminho pavimentado para o Podemos, que é legítimo.”

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