A relação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com os militares é de forte desconfiança mútua. Que não diminuiu depois dos acontecimentos do último domingo (8).
Os comandantes militares têm reiterado em conversas particulares –além de pronunciamentos públicos– que respeitam a hierarquia. Por isso, cumpririam sempre as ordens do comandante em chefe das Forças Armadas, que é Lula.
Mas Lula não está tão convencido disso assim. Assume que o grau de politização entre os militares promovido por Jair Bolsonaro (PL) abriu, sim, a possibilidade de que ordens possam não ser respeitadas. Como a ordem para operações de Garantia de Lei e Ordem (GLO).
Foi o que aconteceu domingo. O governo queria encerrar já na noite desse dia o acampamento em frente ao QG do exército, frequentado também por parentes de oficiais. Mas se desse uma ordem direta, temia-se que não fosse cumprida.
Prevaleceu nesse caso a solução de compromisso, acatada pelo ministro da Defesa. Os acampamentos foram desfeitos na segunda-feira (9), depois da saída de parentes de oficiais.
Lula está se queixando abertamente da politização das Forças Armadas, um dos mais nocivos legados de Jair Bolsonaro. Parte dos comandantes enxerga a vitória de Lula nas últimas eleições como resultado da atuação de tribunais superiores, STF e TSE.
Nisso tudo, passaram a ver no ministro da Defesa José Múcio Monteiro um interlocutor confiável. Quanto mais Múcio apanha do PT, mais aumenta entre os comandantes a aceitação de Múcio.
Uma operação política foi montada nas últimas horas para proteger o ministro da Defesa. Mas a desconfiança continua.
Envie seu comentário