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Manaus,

Colunista

José Melo

O silêncio dos poderosos frente à crise da água

Essencial para a vida e para a economia, a escassez de água doce é hoje um problema que atinge todo o mundo, com consequências graves para a saúde, a economia e o meio ambiente.

Do total de água existente no planeta, 97% estão nos oceanos e mares — ou seja, água salgada. Apenas 3% correspondem à água doce, própria para o consumo e para as atividades econômicas.

Essa pequena parcela de água doce é encontrada em rios, igarapés, lagos, lençóis subterrâneos e na umidade do ar. No entanto, desses 3%, apenas cerca de 7% estão presentes em rios e lagos, fontes mais acessíveis e, portanto, mais vulneráveis às ações humanas.

Por conta disso, muitos dos grandes rios e lagos do mundo enfrentam sérios problemas de contaminação por metais pesados, poluição e assoreamento. O Yangtzé, o maior rio da China, está desaparecendo gradualmente e sofre com grave contaminação por metais pesados. O Ganges, rio mais importante da Índia, sofre com assoreamento e contaminação por bactérias fecais, provocando surtos de doenças como tifo e hepatite, que matam centenas de pessoas. Nos Estados Unidos, a má distribuição da água doce, somada ao vasto território, faz com que regiões como a Califórnia enfrentem secas periódicas. Na Europa, diversos rios vêm diminuindo e sendo afetados pela poluição — como foi amplamente noticiado durante os preparativos para as Olimpíadas de Paris, quando o rio Sena virou manchete mundial.

As principais causas dessa crise são:

  • Mudanças climáticas, que alteram os padrões de chuva e aumentam a evaporação das águas, reduzindo sua disponibilidade;
  • Crescimento populacional, que nas últimas décadas elevou drasticamente o consumo de água doce;
  • Poluição, sobretudo nos grandes centros urbanos, que torna a água imprópria para o uso humano;
  • Uso intensivo na economia, especialmente na agricultura, com irrigações excessivas e mal gerenciadas.

Infelizmente, salvo ações isoladas de ambientalistas e de alguns cientistas vinculados a organismos como a ONU, observa-se pouca mobilização efetiva por parte dos países mais ricos e populosos frente a esse problema.

Para reflexão: é justamente nos países com grandes populações — como China, Índia, Paquistão, Bangladesh e em diversas nações africanas — que se concentram os problemas mais críticos relacionados à escassez de água doce. As consequências se manifestam em diversas frentes: na saúde, devido à contaminação da água; na economia, afetando especialmente a indústria e a agricultura; nos conflitos geopolíticos, relacionados ao controle dos mananciais; e no meio ambiente, cuja degradação tende a se agravar ainda mais.

 

Portanto, torna-se urgente:

  • O uso eficiente da água doce que ainda nos resta;
  • A busca por mecanismos eficazes de tratamento de águas contaminadas, para torná-las potáveis;
  • A adoção, por parte dos países, de sistemas de gestão hídrica que garantam o uso responsável e sustentável dos recursos hídricos.

A inércia poderá condenar as gerações futuras a pagar um preço alto pela absoluta falta de água doce.

 

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