Um evento regado a muita bebida alcoólica em Barcelos, distante 436 quilômetros de Manaus, teria resultado no estupro coletivo com feminicídio da indígena da etnia Baré, Rosimar Santos de Oliveira, que tinha 45 anos.
O caso ganhou novos rumos nesta segunda-feira, 27, quando, denúncias revisitaram a suspeita de financiamento de bebidas alcoólicas para os indígenas no dia que ocorreu o crime brutal na cidade.
Conforme as denúncias, o crime teria ocorrido entre os dias 1º e 2 de janeiro, data marcada pela posse da nova gestão da prefeitura de Barcelos. Radson Rogerton dos Santos Alves, o “Radinho”, tomava posse como novo prefeito da cidade. O corpo da mulher foi encontrado no dia 3 de janeiro.
Os suspeitos da etnia Yanomami e a mulher, da etnia Baré, bebiam em comemoração ao evento de posse do prefeito. Até então, vítima e criminosos não se conheciam. As bebidas teriam sido patrocinadas para quem fosse participar do evento público, conforme relatos, pela nova gestão da prefeitura de Barcelos.
Como ocorreu o crime
As novas informações trazidas ao caso de estupro e feminicídio, são de que a vítima, Rosimar, teria ido para posse de Radinho, para comemorar e aproveitar a bebida “grátis”, o mesmo ocorreu por parte dos criminosos, os indígenas Yanomami, suspeitos do crime.
Vale lembrar que a Lei Nº 6.001, de 19 de dezembro de 1973, considera crime fornecer bebidas alcoólicas para indígenas ou grupos tribais.
Relatos de populares, que preferiram não se identificar com medo de represálias, são de que Rosimar havia sido vista na posse de Radinho por volta das 17h, e, que teria passado o dia e parte da noite bebendo, comemorando a vitória do prefeito.
Foi durante a madrugada do dia 2 de janeiro de 2025, que Rosimar teria encontrado um dos suspeitos. Todos alcoolizados, seguiram, até o local do crime, um prédio abandonado que havia funcionado durante anos por uma empresa de telefonia, localizado na rua vereador José Basílio, nas proximidades do Hospital Geral de Barcelos, na região central daquele município. A princípio, Rosimar caminhava acompanhada de um indígena Yanomami, sem saber que estava sendo seguida por outros dois.
Sobre a investigação
Procurados pela reportagem, o Ministério da Justiça e Segurança Pública pediu para encaminhar a demanda à Polícia Federal.
A reportagem entrou em contato com a Superintendência Regional da Polícia Federal no Amazonas (PF-AM), para indagar sobre a possibilidade de inquérito para investigar o caso em questão.
Em resposta, a Superintendência Regional da Polícia Federal no Amazonas informou que o caso em questão está sendo investigado pela Polícia Civil do Amazonas (PC-AM).
Procurados, a Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) informou que as investigações para localizar Klesio Aprueteri Yanomami, de 26 anos, e um adolescente de 17 anos, por participação no estupro coletivo e feminicídio da indígena da etnia Baré, Rosimar Santos de Oliveira, que tinha 45 anos, continuam em andamento. Que ambos possuem mandados de prisão e apreensão, respectivamente.
A PC-AM ressaltou que, caso alguém tenha informações sobre o paradeiro dos envolvidos, entre em contato pelo número 181, da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP-AM), que a identidade do será mantida em sigilo.
Na nota, mesmo sendo questionada, a PC não deu mais detalhes sobre o caso, informações dos autos ou da oitiva com investigados, sobre a possibilidade de financiamento por parte do prefeito de Borba para bebedeira que teria resultado, segundo a denúncia, na morte da indígena.
Preso
Vale lembrar que Sirrico Aprueteri Yanomami, um dos suspeitos de cometer os crimes de estupro, feminicídio e vilipêndio de cadáver, foi preso e levado a Manaus.
Outro lado
Procurada pela reportagem, a Ouvidoria de Barcelos negou qualquer envolvimento por parte da prefeitura, no que diz respeito ao financiamento de bebidas alcoólicas aos indígenas.
“A verdade é que, até onde sabemos, não existe ligação, ninguém tem certeza se o crime ocorreu no dia da posse do prefeito. Até pelo fato de o corpo da vítima ter sido encontrado alguns dias depois”, disse.
A Ouvidoria afirmou, ainda, que durante a posse de Radinho, não havia bebidas alcoólicas. Isso está sendo tratado nacionalmente, por meio da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). O que podemos adiantar é que não tem conexão com a Prefeitura.
Sem resposta
Procurados pela reportagem, a Funai não respondeu até o fechamento deste material.

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