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‘O compromisso do liberal para um ano eleitoral’

O resultado mais evidente dessa coalização foi a eleição do presidente Jair Bolsonaro, que inicialmente formou sua equipe com militares, liberais, agentes do setor privado e políticos.
(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ano de 2022 começou e nessa altura do campeonato, poucos ousariam discordar de que os dois últimos anos foram cruéis para o mundo todo. Além da pandemia, que parece se arrastar por mais tempo que o inicialmente esperado, não faltaram controvérsias políticas, desequilíbrios econômicos e ameaças reais de guerra.

No cenário brasileiro a sensação de instabilidade se agrava devido ao clima de polarização política, que apesar de não ser algo mal em si mesmo, ainda é um fenômeno estranho ao brasileiro, que ao longo do século XX, atravessou períodos autoritários e no início do século XXI, experimentou a ascensão de um governo trabalhista, que esteve à frente do executivo nacional por quase 14 anos, com virtualmente nenhuma oposição relevante.

A não consolidação do país como uma potência econômica, aliada à consequente estagnação social e aos sucessivos escândalos de corrupção acabaram por auxiliar o processo de formação de uma oposição política mais à direita, inicialmente formada pela coalização entre conservadores, centristas e liberais. O resultado mais evidente dessa coalização foi a eleição do presidente Jair Bolsonaro, que inicialmente formou sua equipe com militares, liberais, agentes do setor privado e políticos.

Vários avanços foram registrados durante a administração Bolsonaro, mas é preciso reconhecer que sobraram momentos de crise institucional, sejam eles provocados pelo próprio Planalto ou por outros poderes constituídos, os quais parecem ainda não compreender que parte da população brasileira já não subscreve alguns dos valores e opções políticas delineadas na Constituição de 1988.

Esse ambiente – criado pela ascensão de novos movimentos políticos, pelas sucessivas crises institucionais e agravado pelo flagelo da pandemia – acabou colaborando para o surgimento de uma massa de pessoas desanimadas com a política e descrentes da institucionalidade, ao mesmo tempo que no polo oposto possibilitou o surgimento de grupos em diversos espetros políticos que parecem encarar o a política da mesma forma que encaram uma partida de futebol, isto é, com muita paixão, pouca racionalidade e muito bairrismo.

De modo geral, o liberalismo clássico sempre se posicionou pela defesa intransigente de certos princípios, fundamentalmente daqueles relacionados à dignidade humana, à liberdade e à propriedade. No entanto, apesar dessa defesa, a vasta maioria dos liberais sempre apregoou o debate republicano de ideias, inclusive com as correntes políticas que não têm por escopo a defesa desses mesmos ideais.

Em 2022, o país retornará novamente às urnas, para eleições gerais, por meio da qual serão escolhidos: o presidente da República, os governadores, os senadores e os deputados federais, estaduais e distritais. Nesse ano, o compromisso e o trabalho de todo liberal devem ser orientados para que haja a diminuição do acirramento dos ânimos na esfera pública, a propagação de informações úteis e verdadeiras sobre o processo político e a defesa dos ideais que possibilitem a existência de uma sociedade livre. Em resumo, em 2022 recai sobre os liberais o dever de abandonar uma visão romântica da política e trabalhar para a manutenção de uma democracia saudável.

Allan Augusto Gallo Antonio, formado em Direito e Mestre em Economia e Mercados, é analista do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica.

Sobre o Centro Mackenzie de Liberdade Econômica

O Centro Mackenzie de Liberdade Econômica é um think-tank liberal acadêmico, único no Brasil baseado em uma Universidade. É uma iniciativa do Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM) junto à Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM). Entre suas pesquisas está o primeiro Índice de Liberdade Econômica Estadual (IMLEE) do Brasil, um levantamento inédito que analisa e avalia as condições de se empreender e ter sucesso no mercado e o grau de interferência estatal.

Sobre a Universidade Presbiteriana Mackenzie

A Universidade Presbiteriana Mackenzie está na 71º posição entre as melhores instituições de ensino da América Latina, segundo a pesquisa Times High Education 2021, uma organização internacional de pesquisa educacional, que avalia o desempenho de instituições de ensino médio, superior e pós-graduação. Possui três campi no estado de São Paulo, em Higienópolis, Alphaville e Campinas. Os cursos oferecidos pelo Mackenzie contemplam Graduação, Pós-Graduação Mestrado e Doutorado, Pós-Graduação Especialização, Extensão, EaD, Cursos In Company e Centro de Línguas Estrangeiras.

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