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Pesquisa, 45% das mortes entre crianças são causadas por má nutrição

Estudo feito com mais de 14 mil pessoas de diferentes países teve a missão de identificar e as possibilidades e estratégias de combater a fome
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Foto: William West/AFP

A problemática da fome e desigualdade social persiste como uma questão intrínseca à realidade global, afetando diretamente a vida de milhões de pessoas em todo o mundo. Segundo um estudo recente conduzido pela ONG World Vision em parceria com Ipsos, intitulado Not Enough: Global Perceptions on Child Hunger and Malnutrition (Insuficiente: Percepções Globais sobre Fome Infantil e Desnutrição) e realizado no segundo semestre de 2023, em 16 países, revela que a má nutrição é responsável por alarmantes 45% das mortes de crianças de zero a cinco anos em escala mundial. Além disso, o relatório destaca que 21% das famílias pesquisadas afirmam que suas crianças foram obrigadas a deitar-se com fome devido à escassez de alimentos, um cenário que atinge alarmantes 37% nos países de baixo rendimento.

“Esses dados refletem a urgência de abordar e combater efetivamente os desafios ligados à fome e à disparidade social para promover um futuro mais equitativo e saudável para as gerações vindouras”, afirma Thiago Crucciti, diretor da Visão Mundial Brasil.

O estudo, que traz uma amostra global com mais de 14 mil pessoas de diversos países, desenvolvidos e subdesenvolvidos, teve a missão de identificar e comprovar que a fome pode ser combatida, e que além disso, existem recursos e alimentos suficientes para atender a todos. Ainda segundo a pesquisa, apenas uma em cada três pessoas acredita que a fome infantil será eliminada globalmente até 2030, como afirma o Desenvolvimento Sustentável da ONU Meta; ao mesmo tempo, a maioria acredita que temos comida suficiente para isso, se compartilharmos.

A atualidade revela um agravamento significativo da situação. Conforme apontado pela pesquisa, a problemática da fome demonstra uma deterioração marcante, comparando-se com a realidade de cinco anos atrás. Os dados indicam que a preocupação com a escassez alimentar aumentou consideravelmente, atingindo 60% na comunidade local, 65% no âmbito nacional e alarmantes 71% em uma escala global.

A constatação é compartilhada por 89% dos entrevistados, que expressam inquietação quanto à fome e desnutrição infantil em nível global, refletindo também em altos percentuais de preocupação em suas famílias (80%), países (79%) e comunidades locais (75%). Estes números evidenciam a urgência de abordar de maneira efetiva os desafios relacionados à fome, buscando soluções que transcendam fronteiras e atendam às necessidades prementes em diferentes contextos sociais.

Além disso, ao serem questionados sobre qual questão causa maior preocupação em relação ao bem-estar infantil global, 21% dos entrevistados destacam a pobreza, enquanto 18% apontam a fome. Notavelmente, indivíduos provenientes de países com renda mais baixa e aqueles que têm filhos, especialmente os pais de crianças mais jovens, demonstram uma preocupação acentuada em relação à fome infantil e à subnutrição em suas próprias famílias.

Inflação na fome

É incontestável afirmar que a problemática da fome transcende as políticas públicas, tornando-se uma realidade global influenciada pela inflação e pelo aumento dos custos, experienciados de maneira socialmente difundida. Conforme evidenciado pela pesquisa “Not Enough”, as principais causas da fome em nível nacional são percebidas como a inflação e o aumento do custo de vida, citadas por 55% dos participantes, seguidas pela falta de foco governamental, mencionada por 37%.

A importância de proporcionar alimentação adequada às crianças durante o período escolar é reconhecida por 97% dos entrevistados, sendo que 85% expressam apoio ao financiamento governamental para refeições escolares. No entanto, a discrepância entre a necessidade e a implementação é evidenciada, uma vez que apenas 40% dos responsáveis afirmam que suas crianças receberam alimentação escolar nos últimos 30 dias.

A inflação exerce uma pressão adicional sobre as famílias, resultando em situações preocupantes. Nos últimos 30 dias anteriores à pesquisa, 46% dos entrevistados enfrentaram a dificuldade de encontrar recursos para comprar alimentos, aumentando para 77% nos países de baixa renda. Cerca de 30% relataram a ausência de alimentos em casa devido à falta de recursos financeiros, enquanto 30% desconheciam de onde viria a próxima refeição. Preocupantemente, 21% afirmam que uma criança de seu agregado familiar foi para a cama com fome devido à indisponibilidade de alimentos, cifra que se eleva para 38% nos países de baixa renda.

Crucciti ressalta que esta não é apenas uma estatística, mas uma cruel realidade que priva milhões de crianças inocentes em todo o mundo de saúde e oportunidades. “O apelo final é claro: essa realidade não pode mais perdurar; possuímos recursos suficientes para mudá-la”, diz.

Os países incluídos nas categorias de alta renda para a pesquisa foram Austrália, Canadá, Alemanha, Japão, Coreia do Sul, Reino Unido e Estados Unidos. Já os países de renda média compreendem Bangladesh, Filipinas, Brasil, Iraque, México e Peru, enquanto Chade, República Democrática do Congo e Malawi representam os países de baixa renda.

Sobre a Visão Mundial

A Visão Mundial é uma organização humanitária que atua no Brasil há mais de 40 anos. Presente em mais de 90 países, a organização trabalha para promover o desenvolvimento sustentável das comunidades, com foco na proteção e garantia dos direitos das crianças e adolescentes. A Visão Mundial atua em parceria com famílias, comunidades, governos e outras organizações para criar um ambiente seguro e saudável para que as crianças possam crescer, aprender e se desenvolver. Saiba mais em www.visaomundial.org.br.

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