O índice oficial de inflação no Brasil voltou a perder ritmo ao subir 0,47% em maio, na comparação com abril (+1,06%), de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira (9) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Com a segunda desaceleração consecutiva, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) agora apresenta alta de 4,78% neste ano e de 11,73% no acumulado dos últimos 12 meses, valor menor do que o apurado em abril (12,13%) e que corresponde à primeira queda na base de comparação em um ano.
Uma das contribuições para a desaceleração do indicador foi a queda dos itens que fazem parte do grupo de habitação (-1,7%), com destaque para as contas de luz (-7,95%), que deixaram de ter a cobrança adicional de R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos a partir do dia 16 de abril, com a adoção da bandeira tarifária verde.
A alta dos combustíveis (+1%) também foi menor do que a apurada no mês anterior, após o salto expressivo registrado em abril (+3,2%). A variação em ritmo menor ocorreu devido especialmente à gasolina, que ficou 0,92% mais cara, ante salto de 2,48% apurado no mês anterior. Já o etanol ficou 0,43% mais barato.
“Apesar da desaceleração dos combustíveis em geral, o óleo diesel teve uma alta de mais de 3%. Só que o produto tem um peso pequeno no IPCA, impactando mais transportes pesados como caminhões e ônibus”, destaca Pedro Kislanov, gerente responsável pela pesquisa.
Também ajudou para a alta menor do indicador os preços dos produtos que fazem parte do grupo de alimentos e bebidas, que subiram 0,48%, ante variação de 2,06% em abril. Para Kislanov, produtos que vinham subindo bastante tiveram quedas expressivas em maio.
Entre as quedas mais expressivas aparecem o tomate (-23,72%), a cenoura (-24,07%) e a batata-inglesa (-3,94%). Para Kislanov, existe um componente sazonal porque, normalmente, o início do ano é marcado por preços mais altos dos alimentos devido a questões climáticas.
Na contramão da desaceleração, as maiores variações do mês partiram dos grupos de vestuário (+2,11%), transportes (+1,34%) e saúde e cuidados pessoais (1,01%). Entre os segmentos, aparecem entre os destaques as variações significativas dos preços das passagens aéreas (+18,33%) e dos produtos farmacêuticos (+2,51%).
Com a manutenção da inflação na casa dos dois dígitos, o BC (Banco Central) admite que o índice encerrará 2022 acima do teto da meta pelo segundo ano seguido. O alvo do CMN (Conselho Monetário Nacional) para o IPCA é 3,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto (de 2% a 5%).
O novo furo do teto da meta também é previsto pelo Ministério da Economia, que revisou de 6,5% para 7,9% a expectativa de inflação para este ano. Para o mercado financeiro, o indicador oficial deve fechar o ano em 8,89%.
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