Manaus (AM) – A megaoperação da Polícia Federal contra o garimpo ilegal no Amazonas, que já resultou na destruição de 277 dragas, alcançou o centro do debate político nacional. A Comissão de Infraestrutura (CI) do Senado aprovou o envio de um pedido de esclarecimentos ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, após a ação ser alvo de duras críticas de senadores que a classificaram como desproporcional e danosa ao meio ambiente.
Os dados oficiais da PF indicam um prejuízo bilionário ao crime organizado. As 277 dragas destruídas até agora, avaliadas em cerca de R$ 20 milhões, são apenas uma parte do impacto financeiro. A corporação estima que o dano total, somando o valor do ouro extraído ilegalmente e os impactos socioambientais, ultrapassa R$ 876 milhões.
Comissão do Senado questiona métodos

Polícia Federal destrói dragas de garimpeiros no rio Madeira, em Humaitá (Foto: Polícia Federal)
Em reunião na última terça-feira, a operação foi o principal tema de debate da CI. O senador Plínio Valério (PSDB-AM), autor do pedido de informações, classificou as cenas da operação como de “grande impacto social e ambiental”. Ele descreveu a situação como “cenas de apocalipse, que assustaram toda a comunidade e colocaram em risco a fauna, a flora e a subsistência de famílias que vivem há décadas às margens do Rio Madeira”.
O presidente da comissão, senador Marcos Rogério (PL-RO), reconheceu a importância do combate a atividades ilegais, mas criticou a forma da ação, afirmando que, “para enfrentar um crime, cometeram-se outros [crimes] graves contra o meio ambiente”. Ele mencionou que a explosão de embarcações libera fumaça no ar e óleo no rio, comprometendo a fauna aquática. Para ele, o caso exige uma resposta urgente, razão pela qual a comissão optou por um ofício verbal, mais rápido que o formal, para ser enviado ao Ministério da Justiça.
Parlamentares denunciam “espetacularização” e violência contra famílias
Outros senadores endossaram as críticas, aprofundando o debate sobre a ação. A senadora Tereza Cristina (PP-MS) argumentou que o país precisa combater a raiz do problema, em vez de se apoiar na espetacularização. Ela ressaltou que muitos garimpeiros estão na ilegalidade por falta de acesso a licenças e tecnologia. O senador Esperidião Amin (PP-SC) sugeriu que a comissão solicite o boletim de ocorrência e o relatório da operação, classificando as imagens divulgadas como “espetacularização premeditada”.
A dimensão social do episódio também foi destacada. O senador Omar Aziz (PSD-AM) apresentou uma nota de repúdio da Diocese de Humaitá e das paróquias locais, que denuncia a destruição das balsas e a violência contra garimpeiros artesanais. Segundo a nota, “a sociedade amazonense ficou consternada com as imagens” de “indignação, violência e injustiça social”.
A Polícia Federal, por sua vez, informou que a operação faz parte de um conjunto de ações iniciadas em 2023 para combater a extração mineral ilegal e seus danos ambientais.
Ainda de acordo com a PF os números da operação atualizados até esta sexta-feira (20) são o seguinte:
Item | Valor/Número |
Total de Dragas Destruídas | 277 |
Valor Estimado das Dragas | R$ 20.000.000,00 |
Valor do Ouro Extraído Ilegalmente | R$ 245.488.546,00 |
Impactos Socioambientais | R$ 630.944.405,00 |
Dano Total em Valores Monetários | R$ 876.432.951,00 |
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