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Parteiras Tradicionais criam primeira Associação do Amazonas

Composta por parteiras de vários municípios do Estado, a associação conta com o apoio da Fiocruz, Susam e Ministério da Saúde.

Da Redação 

Preservar e valorizar a arte de partejar e os conhecimentos das parteiras tradicionais e indígenas do Amazonas foi o intuito que reuniu parteiras de vários municípios do Estado para dar continuidade às atividades da Associação de Parteiras Tradicionais do Estado do Amazonas (APTAM), que tem como nome “Algodão Roxo”, por ser uma das plantas mais utilizadas pelas parteiras.

A reunião, realizada nos dias 20 e 21 de setembro, no auditório do Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz Amazônia), possibilitou a formalização da associação como instituição política, que permitirá com que as parteiras do Amazonas possam ser representadas por uma entidade civil organizada, buscando a valorização e o fortalecimento das práticas tradicionais e populares da categoria.

A associação nasceu durante a Mostra de Parteiras Tradicionais da Amazônia realizada no 13º Congresso Internacional da Rede Unida, em Manaus, no mês de junho deste ano e faz parte do projeto “Redes vivas e práticas populares de saúde: conhecimento tradicional das parteiras e a educação permanente em saúde para o fortalecimento da rede de atenção à saúde da mulher no Estado do Amazonas”, que está sendo desenvolvido pelo ILMD/Fiocruz Amazônia, por meio do Laboratório de História, Políticas e Saúde na Amazônia (LAHPSA), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SUSAM) e apoio financeiro do Ministério da Saúde (MS).

Além do registro da comissão responsável pela associação, um conjunto de propostas foi criado para serem encaminhadas às Conferências Municipais de Saúde, que vão acontecer no próximo ano, e também as Conferências de Saúde Indígena.

Para o coordenador do projeto e pesquisador da Fiocruz Amazônia, Júlio Cesar Schweickardt, foi um momento histórico, pois a associação já era um sonho dessas mulheres. “Elas estão motivadas para poder desenvolver seus trabalhos e estão se sentindo valorizadas, então isso cumpre com os objetivos que nós temos de valorização da atividade das parteiras, agora elas se fortalecem, sendo que a associação permite que elas possam reivindicar esse espaço merecido nos lugares onde se fala do parto e nascimento”, destaca Schweickardt.

As propostas envolvem questões práticas do dia a dia do trabalhado das parteiras, como por exemplo, as atividades do pré-natal, participação delas junto a equipes das maternidades. Entre outros pontos importantes estão: valorização do trabalho das parteiras através da remuneração da categoria; mudança no nome da categoria, de “Parteira Leiga” para “Parteira Tradicional” no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde – CNES; incluir na lei estadual do Amazonas acompanhante parteira tradicional a parturiente; adaptar o cartão do pré-natal para incluir observações das parteiras sobre os seus cuidados à gestante; autorização do uso de plantas medicinais pelas parteiras tradicionais nas maternidades; inclusão das parteiras tradicionais nas “casas de parto” ou salas de parto humanizado; e “Ambulancha” adaptada com maca PPP (Pré-Parto, Parto e Pós-Parto) para transporte das parturientes;

Segundo a presidente da Associação Algodão Roxo, Tabita Santos, uma semente foi plantada, mas que precisa ser regada para que venha crescer.

“Foi um passo dado que ficará na história da categoria, pois há muitos anos estávamos lutando pela associação, não é por resgatar as parteiras, pois nós já estávamos unidas, a nossa luta era para termos uma associação que possa resgatar outras parteiras que estão no anonimato, para unirmos forças em busca do reconhecimento do nosso trabalho”, salienta.

Sandra Cavalcante, coordenadora da Saúde da Mulher/Rede Cegonha da Susam, também coordenadora do projeto, enfatiza que o movimento tem sido uma grande oportunidade para o fortalecimento das parteiras tradicionais e visa aumentar a troca de experiências e aprimorar os conhecimentos.

Foto: Divulgação

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