Siga nas Redes Sociais

Olá, o que procuras?

Manaus,

Dia a Dia

Imaginando um país sem Bolsonaro, cientista de fogo indica meios de combate a queimadas na Amazônia

Ane Alencar avalia que também será um desafio para o próximo governo, desmontar crime organizado na Amazônia

Para reduzir o fogo do Brasil é preciso que algumas medidas sejam tomadas. A principal, eu diria, seria combater o desmatamento. O fogo está intimamente relacionado com o desmatamento. O fogo é usado na etapa final do desmatamento, quando as árvores derrubadas são queimadas e convertidas em cinzas, preparando o solo para o plantio, principalmente, de gramíneas. Sendo assim, reduzir o desmatamento significa também reduzir o fogo.

“O fogo é a principal ferramenta utilizada em um pasto mal manejado. Ele acaba sendo a forma mais fácil e barata de “limpar” as plantas não palatáveis e revigorar o pasto para o gado”.

Desmonte de crime organizado é desafio do próximo governo

“Imagina! A gente vai construir uma casa, dependendo do tamanho da casa tem gente que demora anos para construí-la. Aí vem um furacão, um terremoto e rapidamente destrói isso tudo. Isso parece ser o que aconteceu com a política ambiental no Brasil recentemente. Todo o esforço de construção da governança ambiental que começou a ser construído a partir da Eco 92 e culminou com a redução de cerca de 80% do desmatamento entre 2005 e 2012, foi posto a prova e desconstruído”.

“Elas têm ocupado a Amazônia de forma descabida, e um choque de governança nessas quadrilhas será um alerta para quem está agindo ilegalmente. Para parar de agir assim e desestimular outros grupos não tão organizados a agirem de forma ilegal também”.

Ane avalia que antes desse governo o país estava focado em discutir uma agenda positiva. “De como podemos fazer melhor, como podemos engajar mais pessoas em práticas de uso da terra mais sustentáveis, mas infelizmente retrocedemos de uma agenda propositiva para uma agenda reativa. Talvez demore um pouco, mas é possível trazer de novo as pessoas para o lugar aonde paramos”.

Fogo experimental em laboratório a céu aberto

“Como se comporta uma floresta queimada em situação de seca extrema, ou de queimas consecutivas, se a borda queima mais que o interior, se o uso da terra vizinho influencia no tipo e intensidade de fogo afetando as florestas adjacentes. Essas são algumas perguntas que o grupo de pesquisa tem se debruçado para responder”.

“Apesar das áreas queimadas estarem se regenerando e isso significa tendo um certo acúmulo de carbono, ainda tem muitas árvores ali que estão mortas e estão emitindo, que estão se decompondo. Isso é um indicador importante que o balanço de carbono dessas áreas está positivo. Ou seja, essas florestas ainda estão emitindo mais do que absorvendo mesmo depois de 10 anos de recuperação”.

“As árvores da Amazônia não são adaptadas ao fogo. Com a casca muito fina, o calor acaba impactando os vasos que conduzem água de cima para baixo, e o fogo pode gerar feridas nessas árvores que afetam esses vasos condutores impedindo a passagem de água das raízes para as folhas”, exemplifica.

Desta forma, com o passar do tempo elas vão morrendo, porque necessitam dessa comunicação dos vasos. “Ou às vezes essas feridas são impactadas por patógenos, fungos e isso também leva à mortalidade”.

Ela explica que grande parte do carbono estocado na Amazônia está nessas árvores. “E quando elas morrem, caem, aquele carbono que está preso ali, vai ser decomposto e é emitido”.

Os resultados mostram então, que a floresta na Amazônia, demora muito mais para se recuperar.

“Não é adaptada ao fogo, não tem a qualidade de lidar com esse distúrbio, sendo assim acaba tendo impacto maior e uma capacidade regenerativa bem menor”.

Clique para comentar

Envie seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *