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‘Ela está com fome igual a nós’ diz ribeirinha que teve cão morto por onça-pintada

A ribeirinha relatou em áudio, enviao a Ecoa, ONG socioambiental, criada em 1989, com atuação no Pantanal, dizendo que a população está com medo e precisam de apoio.
Foto: Daniel De Granville / Agência O Globo

Conviver com a presença constante dos animais não era um problema para a população ribeirinha, segundo Eliane Aires, moradora da Barra de São Lourenço no Pantanal. Mas viver perto da natureza tem se tornado uma preocupação nas regiões de Ladário e Corumbá. A relação dos humanos com os felinos está passando por ataques frequentes de onças-pintadas. A ribeirinha relatou em áudio, enviao a Ecoa, ONG socioambiental, criada em 1989, com atuação no Pantanal, dizendo que a população está com medo e precisam de apoio. A pantaneira viu uma das onças comer o seu cachorro de estimação, e não pode fazer nada além de ficar escondida dentro do carro: “e se eu estivesse do lado de fora”, disse.

— Tudo isso que está acontecendo dos animais se aproximando mais das nossas casas porque ela não tem comida. Ela está sem comer. A gente vive aqui há muitos anos e sempre teve relacionamento com a onça, mas ultimamente está sendo assustador — diz ribeirinha ao áudio enviado a ECOA (Ecologia e Ação).

 

 

A ONG, que atua prioritariamente no Pantanal, Cerrado e Bacia do Prata, acredita que a situação está relacionada diretamente com as queimadas ocorridas nos últimos anos.

— Como é que nós vamos deixar as nossas crianças no quintal? Como é que a gente vai trabalhar? Esses dias mesmo gritei com ela bem de frente da minha janela porque estava pegando o meu cachorro e eu sem poder fazer nada. Só gritei ‘larga, larga’, buzinei e tudo e cadê? Ela simplesmente pegou o cachorro e foi embora. E se eu tivesse sem uma proteção? Se eu tivesse do lado de fora? — questionou Eliane ao ECOA.

A Barra do São Lourenço faz de uma área mais afastada em meio ao Pantanal mais selvagem, na região da Serra do Amolar. Mesmo em Corumbá, o acesso é através de embarcações pequenas com cerca de 5 horas de viagem.

Ecoa destacou em nota: “é importante frisar que o problema não são as onças. O foco deste alerta é o risco oferecido aos ribeirinhos e as possíveis causas de alteração no comportamento desses animais”. André Luiz Siqueira, Alcides Faria e Rafael Chiaravalloti, diretores da Ecoa, alertaram em nome da organização a necessidade de multiplicar cuidados, que autoridades viabilizem a investigação cientifica imediata e, principalmente, que a situação pode ter relação com os incêndios e a seca.

Ainda de acordo com a organização não-governamental, os ataques têm acontecido em Corumbá, na Bahia Negra, em Ladário, e Porto da Manga, além da região do Paiaguás, onde as onças se alimentaram dos cachorros das casas e também de porcos.

Eliane não acha que o problema sejam os animais:

— Do seu apartamento, na sua casa e não da para saber o que significa isso de estar de cara com uma onça enfurecida e com fome. Eu sei que ela faz parte desse ambiente. A gente quer preservar, a gente ama onde estamos e forma que ele é, mas precisamos de apoio agora. Elas também estão com fome, igual nós. O que nós estamos passando, elas também estão passando. A gente tá vendo com tristeza que a natureza tá fraca, tá triste, infelizmente —finalizou a mensagem de voz.

Até o dia de hoje, não aconteceu ataques a humanos. Porém, desde 2021, a população ribeirinha vêm relatando os investidas das onças em busca de cachorros e outros animais domésticos para se alimentarem. O que não acontecia antes.

O resultado das queimadas, de acordo com a Ecoa, tem possibilidade de estar alterando o comportamento dos animais selvagens. A relação com os incêndios, que devastaram o Pantanal nos últimos anos, destruturou as cadeias alimentares.

Pesquisadores do Pantanal, estimaram a morte de 17 milhões de vertebrados como causa direta dos incêndios. E, possivelmente, o número é menor do que o número real, se forem considerados os impactos indiretos dos incêndios.

 

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