No Amazonas, a população manauara está reclamando de frequentes cancelamentos, aumento nas corridas e longa espera no aplicativo de transporte da empresa Uber. O principal aplicativo de transporte chegou à capital amazonense no dia 12 de abril de 2017.
Fundada em 2010, a empresa Uber desenvolveu a plataforma para conectar o cliente e o motorista. No entanto, foi apenas em 2014 que entrou em operação no Brasil.
Entre os consumidores da plataforma de transporte, o servidor público Luiz Fernando Melo, 24, que utiliza o aplicativo para se locomover ao trabalho, aponta a falta de flexibilidade da Uber e demora no tempo de solicitações.
“A Uber foi criada para flexibilizar o tempo dos passageiros, chegava-se em determinado lugar com mais rapidez. Sem falar, que antes havia um leque de opções, mais carros. Com o passar do tempo, os motoristas foram ficando mais rigorosos, e deixaram de se adequar às regras da plataforma”, relatou Luiz Fernando Melo.
Luiz Fernando conta, que para solicitar um carro da Uber, hoje, tem que se programar horas antes, se quiser chegar ao seu destino, pois se gasta muito tempo para um carro aceitar.
“Há dias que já recebi oito cancelamentos de corridas, contudo, não eram locais longe. Como consumidores, estamos sentindo que o aplicativo da Uber está aumentando os valores das corridas. Onde, pode está acontecendo pelo preço da gasolina, que está um ‘sobe e desce’, e não se estabiliza por muito tempo, ocorrendo que o aplicativo coloca um preço acima do normal”, declarou Luiz Fernando.
O servidor público destaca que ao chover, o aumento de preço é assustador, e que alguns motoristas têm comportamentos grosseiros com o passageiro.
“Normalmente, uma corrida de casa para o trabalho sai de R$ 15,00, porém, se houver chuva, a Uber cobra de R$ 57,00, R$ 60,00. Vale ressaltar, também, que na plataforma existe uma falta de atendimento da parte de alguns motoristas, que não dão nem bom dia”, disse Luiz Fernando.
A estudante de Direito, Lemicia Castro, 19, informou que demora para o motorista da Uber chegar. Outra situação não agradável é que o aplicativo da empresa trava.
“Uma vez fui expulsa de dentro de um carro pelo motorista da Uber, ele alegou que eu deixei ele esperando, mas não era verdade. Esses foram alguns dos problemas que tive com a plataforma”, contou o episódio ao Em Pauta Online, a estudante Lemicia Castro.
A empreendedora, Maria Souza, 28, declara ter desinstalado o aplicativo da empresa Uber pela demora no aceite, cancelamentos frequentes, e ter baixado o Indrive.
“Os motoristas cancelam muito. Passei 10 minutos esperando, logo o motorista cancelou. No final, tentando solicitar essa corrida, oito motoristas cancelaram. Então, decidi baixar o aplicativo do indrive e desistalei da Uber”, disse Maria Souza.
O que está acontecendo?
Para compreender o que está acontecendo com a plataforma de transporte, na capital amazonense, o Portal Em Pauta Online (EPO) procurou um representante dos motoristas de aplicativo na cidade para explicar sobre.
O líder da equipe Drivers Manaus e administrador Ajuricaba de motoristas por aplicativo, Edson Gonçalves, 51, apontou ao Em Pauta Online que são vários os fatores, aos quais contribuem para que os motoristas alinhem melhor as chamadas em aceite.
“Em abril de 2023, a Uber vai fazer seis anos em Manaus, durante esse período, a empresa não reajustou as tarifas. Sendo que, na época que chegou na cidade, o preço da gasolina em média era entre R$ 2,50 e R$ 2,19”, explicou Edson Gonçalves.
Edson Gonçalves informou que a Uber paga ao motorista sem o fator dinâmico, o valor de R$ 0,96 o quilômetro, e com fator, varia a porcentagem, chega até 60%, em cima do total da viagem.
“Então, hoje o motorista precisa escolher a corrida que vale a pena fazer, não são todas as corridas que vale a pena. Porque ela paga R$ 0,96 o quilômetro. Quando tem uma dinâmica, ela paga um pouco mais o quilômetro, em torno de R$ 1,20, mas a Uber tira a porcentagem dela maior também, aumenta a porcentagem. Cobra do motorista dependendo da viagem de 25% a 60%. Por exemplo, uma viagem no dinâmico que dê R$ 50,00, a Uber vai tirar do motorista 45% a 60% desse valor”, disse o representante dos motoristas de aplicativo.
O representante destaca que, o grande fator, principal contribuinte, ao qual faz ter um número absurdo de cancelamento, é a tarifa da Uber. Ele afirmou que em abril completa 6 anos que a empresa está na cidade, e ela não mudou a sua tarifa, contudo, a gasolina aumenta periodicamente, dessa maneira, tirando todo o lucro e a rentabilidade do seu parceiro motorista.
“Não é que há o cancelamento, existe uma escolha melhor de corrida hoje, a gente já consegue buscar uma corrida que o quilômetro paga um pouquinho melhor, onde vale a pena se deslocar pelo valor que traz uma rentabilidade”, afirmou o representante.
Edson Gonçalves explica que as maiorias dos cancelamentos se dão por causa das tarifas e da porcentagem cobrada pela empresa Uber, por exemplo, a instituição paga R$ 6,00 em uma corrida de 8 quilômetros ao motorista, logo ele vai cancelar, pois está saindo a menos de R$ 0,96 a corrida.
“Nesta corrida, o motorista vai está pagando para levar o passageiro. Porque a Uber vai lhe cobrar 25% da corrida, mais R$ 0,70 fixo, que são as taxas de seguro, o qual em toda corrida tira esse valor fixo de 0,75%. Então, não vale a pena, o motorista vai pagar para levar o cliente. Por isso, o volume de cancelamentos”, narrou Gonçalves.
Tarifa
Conforme Edson Gonçalves, as tarifas da empresa Uber são variáveis, onde cobra cerca de 25% a 60% de acordo com a corrida ao motorista, que não tem uma explicação clara sobre essa mudança de cobrança.
“A gente nunca sabe quanto ela vai tirar do motorista, em uma corrida no aplicativo, somente tem o conhecimento após finalizar a viagem. Então, ela é variável com a porcentagem. De uma corrida de R$ 30,00, a empresa pode tirar de 25% a 60%”, disse Gonçalves.
Futuro do APP em Manaus
O Portal Em Pauta Online questionou o representante dos motoristas de Manaus, Edson Gonçalves, sobre o futuro da plataforma de transporte na capital amazonense, se acredita que possa retornar o taxímetro.
“Não! O modelo de aplicativo é consolidado, tem sua praticidade. O que precisa ser feito é um ajuste na nossa regulamentação municipal, e que a Uber consiga trazer uma tarifa que seja justa, uma quilometragem justa. Porém, não acredito que isso chegue, pois é algo consolidado. Tem outros aplicativos, como o InDrive, 99, Urbano Norte e outros, ou seja, não existe o receio de retornar aos taxímetros”, respondeu Edson Gonçalves.
“Em alta”
O representante de motorista por aplicativo de Manaus, Alexandre Matias, frisa que os valores abaixo do quilômetro rodados são fundamentais para a demora do aceite das viagens em Manaus.
“O aplicativo de transporte Indrive assumiu a liderança em relação a Uber e 99 pop em Manaus”, destacou Alexandre Matias ao Em Pauta Online.
Alexandre Matias acrescentou, ainda, que a Uber e o 99 pop cobram em torno de 35% a 53% de taxa em cima do que o passageiro paga para o motorista, enquanto o aplicativo Indrive, apenas 9,5%.
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