Empresas da Zona Franca de Manaus (ZFM) projetam desembolsar R$ 1,346 bilhão em 2024 para enfrentar os impactos da maior seca já registrada na região.
O valor inclui R$ 846 milhões em adiantamento de estoques e R$ 500 milhões da chamada “taxa da seca”, que encarece a logística de cabotagem.
A estimativa é de Augusto César Barreto Rocha, coordenador da comissão de logística do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), conforme reportagem do Poder360, realizada durante visita ao Polo Industrial de Manaus a convite da entidade.
Para ele, a ausência de investimentos em infraestrutura é um dos principais fatores que elevam os custos das operações industriais na região.
O principal meio de transporte utilizado pelo Polo Industrial de Manaus é a cabotagem, que depende da navegabilidade dos rios para o transporte de insumos e produtos acabados.
Com a seca, os navios enfrentam dificuldades para acessar os portos da capital e precisam utilizar portos flutuantes privados para o transbordo de cargas, o que eleva os custos para até US$ 5.000 por contêiner.
Alternativas como o transporte rodoviário e aéreo são vistas como ineficazes. A BR-319, única rodovia que liga Manaus ao restante do país, está parcialmente sem asfalto há 52 anos, enquanto disputas judiciais e ambientais atrasam sua pavimentação. Já o transporte aéreo, embora rápido, não atende à demanda de carga e volume do setor.
Rocha critica a falta de diálogo entre o setor produtivo e o Ministério do Meio Ambiente, liderado por Marina Silva, que argumenta que grandes obras podem intensificar o desmatamento na Amazônia. Para o professor, essa abordagem é equivocada.
Ele defende que o desenvolvimento sustentável da região depende de um equilíbrio entre investimento em obras e proteção ambiental.
“O que nós necessitamos, de fato, é fazer duas coisas: fazer infraestrutura e proteger o meio ambiente, com respeito ao meio ambiente, porque a ausência de infraestrutura faz com que não exista governança nenhuma. A floresta vai sendo destruída com zero de governança. Ou seja, não há nem infraestrutura, nem proteção da floresta, nem nada”, declarou Rocha.
Entre as alternativas apontadas por Rocha estão a criação de hidrovias que funcionem durante todo o ano, construção de portos e aeroportos no interior do estado e investimentos em infraestrutura diversificada.
“A gente não tem hidrovia. Então a gente precisa ter uma hidrovia o ano todo. Fazer um canal, fazer alguma solução que resolva o problema. Mais portos, portos no interior, aeroportos no interior. Tem uma diversidade grande de obras”, concluiu o professor da Ufam.
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