Depois de controlar os gastos do Executivo por meio do Orçamento Secreto, agora o Centrão está de olho em cargos no exterior: a Proposta de Emenda à Constituição do senador Davi Alcolumbre, que permitiria que parlamentares possam assumir funções diplomáticas sem abrir mão do mandato, é o mais novo ataque dos políticos às instituições brasileiras. A “PEC das Embaixadas”, como ficou conhecida, é uma tentativa clara de subverter a cláusula pétrea da Constituição que garante a separação entre os poderes – e uma forma de transformar a política externa em um balcão de negócios em troca de apoio político. A medida é tão controversa que recebeu críticas não só do Itamaraty, mas até da Casa Civil.

A Constituição já possibilita que parlamentares assumam os cargos de ministro de Estado sem perder o mandato. Também é possível assumir a chefia de uma missão diplomática, desde que de maneira temporária. Essa PEC, no entanto, iria muito além e ampliaria a regra de maneira descabida, permitindo que parlamentares assumam embaixada s de forma permanente. A proposta interfere na função do Executivo, uma vez que o presidente da República ficará refém de acordos políticos na hora de escolher quem poderá representar o País no exterior. O problema hierárquico é evidente: o parlamentar-embaixador obedeceria ao seu superior, o ministro das Relações Exteriores, ou governaria em causa própria defendendo ideiais de seu partido ou bancada?