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Comunidade do Amazonas volta a pescar após a pior seca em 120 anos

A pesca ordenada do mapará tem uma tradição de mais de 15 anos e está oficializada há sete.
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Depois de enfrentar a mortandade de peixes e a maior seca em mais de 120 anos, uma comunidade do Amazonas pode voltar a pescar.

Ela não tem muito tempo para cuidar do jardim, porque cuida mesmo é do sustento da família. A malhadeira, uma rede de pesca, está quase pronta.

“O que a pesca representa para mim? Tudo, porque é de onde eu tiro sustento da minha família”, diz a pescadora Francisca Santos.

Na mesma comunidade ribeirinha no Rio Solimões, o pescador Sebastião do Carmo também prepara o material de pesca. Pequenos pedaços de chumbo ajudam a estabilizar a malhadeira no fundo do rio. Tudo isso é para o momento mais esperado do ano: a pesca do mapará, que estava proibida desde 15 de novembro de 2023, e que na região acontece de forma organizada. O período do defeso restringe as atividades pesqueiras para preservar as espécies no momento de reprodução. Foram quatro meses exatamente, e incluiu outras espécies além do mapará.

A comunidade toda se mobiliza. Para o amazonense, peixe sem farinha não dá.

“O ideal para gente aqui é a farinha. Porque isso aqui para a gente é muito importante, porque isso aqui alaga tudo, aí a gente só vive da pesca. Aí tem que ter a farinha para comer quando está alagado”, diz o agricultor João Bosco.

Depois da seca extrema dos rios em 2023, as águas ainda não estão bem recuperadas. Por isso, os pescadores buscam formas para se aproximar da área de pesca, que é distante. A viagem começa na madrugada, andando no escuro até o ponto de encontro. É preciso ir abrindo caminho porque tem muito capim flutuando. Consequência da seca.

“O caminho aqui é muito estreito e só dá para ir remando. Então, a gente já chegando bem perto da saída, para que os pescadores possam, então, ligar os motores para que a gente chegue mais rápido a área de pesca”, conta a repórter Daniela Branches.

Mas a dificuldade para chegar lá também ocorreu no meio do rio. Demorou para achar o caminho para atravessar até o lago. A pesca começa exatamente as 6h. Cada um no seu pedacinho de água. São quilômetros de malhadeira estendidos pelo rio.

Apesar do nível das águas estar bem abaixo do esperado na área, mais de mil pescadores estão espalhados pelo lago. Lá estão pessoas que esperaram no momento certo para pescar, acreditando na fartura dos rios da região.

“Alavanca muito a economia do município. Aí já chegou entrar no município que nem em 2023, entrou em média de R$ 1 milhão e pouco em quatro dias”, conta Mozamir Alves, secretário de Pesca do Careiro da Várzea.

O pescador Sebastião do Carmo e a mulher estavam na certeza da boa pescaria.

“É esperado demais. A gente espera o ano todinho. Isso aqui hoje nós está realizando mais um sonho, o investimento que a gente faz para essa pesca. Quando chega esse período, a gente tentar repor o que a gente investiu”, conta.

Em 2024 já saíram do Lago do Rei, no Careiro da Várzea, no Amazonas, cerca de 280 toneladas de mapará. Este peixe barbado, liso, em sua maioria vai congelado para fora do Brasil, mas lá é negociado na hora da pesca.

O Rafael Almeida, conhecido por ser um dos grandes pescadores da região, fez jus ao reconhecimento. Em 2023, ele pescou junto com a esposa mais de duas toneladas. Em 2024, foi só porque ela está grávida. Mas pretende sair do lago com o enxoval garantido. Um presente das águas.

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