Connect with us

Hi, what are you looking for?

Manaus,

Política

Câmara vota projeto que impulsiona investimentos em transição energética

Proposta cria "fundo verde", com créditos tributários, como lastro para financiamento mais barato a empresas
Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados

A Câmara dos Deputados deve votar, nesta quarta-feira (29), um projeto de lei que busca colocar o Brasil na rota dos investimentos multibilionários em transição energética — incluindo o chamado hidrogênio verde.

O PL 5174/23, que institui o Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten), tenta dar uma resposta mínima à enxurrada de subsídios distribuídos por países ricos — principalmente Estados Unidos e União Europeia — para atrair empreendimentos dos “combustíveis do futuro”.

O hidrogênio verde é uma das maiores vedetes na descarbonização da economia mundial. Ele é obtido por meio de fontes renováveis de energia, como usinas eólicas e solares, e pode ser armazenado — ou exportado — para uso posterior.

O Brasil tem caminhado lentamente na instalação de grandes projetos de hidrogênio verde, mas quer ganhar impulso. Para isso, o projeto tornou-se uma das apostas do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Lira pretende aprovar uma “agenda verde” até o início da COP28, nos Emirados Árabes, na tentativa de posicionar o país como líder no processo de transição energética.

O PL 5174/23, de autoria do deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), teve sua urgência aprovada nesta terça-feira (28) e reúne apoio para votação em plenário.

A proposta visa incentivar investimentos em transição energética por meio da criação do Fundo de Garantias para o Desenvolvimento Sustentável, de natureza contábil (sem aportes de recursos), que funcionaria como garantia para financiamentos tomados por investidores.

O chamado “Fundo Verde” seria formado com créditos tributários que as empresas possuem junto à União (IPI, PIS/Pasep e Cofins). A gestão ficaria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES).

O modelo de restituição de créditos é uma tentativa de o país ganhar competitividade no mercado de transição energética, sem aumentar despesas aos cofres públicos.

“Estamos muito otimistas com esse projeto. Ele alavanca o Brasil no cenário mundial e prepara o país para a transição energética, sem custo para a União”, disse a relatora do PL 5174/23, deputada Marussa Boldrin (MDB-GO).

“Não teremos nada subsidiado pelo BNDES. O que teremos é a utilização inteligente de créditos para serem aportados em desenvolvimento sustentável”, completou Boldrin.

Em outros mercados, a estratégia tem sido despejar subsídios. Os Estados Unidos, por exemplo, oferecem quase US$ 500 bilhões em subsídios para o desenvolvimento de projetos que incluem a transição energética, a implantação de unidades de hidrogênio verde e biocombustíveis e a concessão de incentivos para a renovação da frota veicular com carros elétricos.

Já a União Europeia reservou 357 bilhões de euros em incentivos para o desenvolvimento de projetos de substituição dos combustíveis fósseis, geração de energias renováveis e partilha de riscos em investimentos em estágios iniciais de transição energética.

O Brasil, obviamente, não tem espaço fiscal para concorrer com os subsídios dados por países ricos. A ideia, portanto, é criar esse fundo garantidor de investimentos para viabilizar empréstimos mais baratos para quem investir em projetos de infraestrutura sustentável.

A proposta é que esse fundo banque eventual inadimplência dos tomadores de financiamentos. Com isso, os juros praticados podem despencar e viabilizam-se projetos bilionários de investimentos.

Além do hidrogênio verde, estão englobados projetos de etanol, querosene sustentável de aviação, biodiesel, biometano, energia solar, energia eólica e biomassa.

Confiante na aprovação, a relatora vai à COP28 para divulgar o novo programa brasileiro de transição energética — que ainda dependerá de aval do Senado.

“Eu estou indo para fazer a defesa desse projeto e vender o país, em parceria com o governo e com empresas, para mostrar que o Brasil entra forte agora nesse mercado”, afirmou a deputada Boldrin.

Click to comment

Envie seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *