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Biden e Bolsonaro devem falar de meio ambiente e democracia

Em entrevista à CNN, secretário das Américas do Ministério das Relações Exteriores detalhou o encontro entre os dois presidentes, previsto para a próxima semana
Foto: Divulgação

O secretário das Américas do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Pedro Miguel da Costa e Silva, disse em entrevista exclusiva à CNN que o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o presidente dos Estados Unidos Joe Biden deverão tratar no encontro previsto para a próxima semana na Cúpula das Américas sobre democracia, economia e meio ambiente.

Responsável nos últimos três anos no Itamaraty pela relação do Brasil com os países das Américas, Costa e Silva falou ainda sobre a relação entre os dois presidentes e os dois países, o que está sendo negociado especificamente entre os países da Cúpula sobre um dos documentos que serão assinados, que trata de Democracia e Direitos Humanos, e como o Brasil se prepara para o debate ambiental com Joe Bide

Agenda Bolsonaro x Biden

“Eu como responsável do Ministério das Relações Exteriores para as relações com os Estados Unidos faço uma sugestão de agenda e de temas que eu submeto ao Ministro Carlos França. Agora, é claro que são os presidentes que decidirão o que eles querem conversar. Nós, como Ministério das Relações Exteriores, fazemos uma sugestão”.

“E, se eu puder manifestar uma expectativa, a minha expectativa como responsável pelos temas, é que os presidentes consigam abordar alguns dos muitos temas de uma agenda rica, positiva, variada que nós temos com os Estados Unidos hoje, que vai de comércio a investimentos, passando por cooperação técnica, por cooperação em ciência e tecnologia no espaço, mineração, energia, meio ambiente e desenvolvimento sustentável. Nós trabalhamos com os americanos nos fóruns regionais e multilaterais numa série de outros temas. Há a questão das cadeias regionais de valor, interesse de explorar com os americanos, a criação de novos vínculos entre o Brasil e os Estados Unidos nessas cadeias de valor”.

Relação Bolsonaro x Biden

“A pergunta da relação entre os dois presidentes eu não vou responder porque você sabe qual é a resposta e aí é uma área complicada pra mim. A pergunta que eu vou responder é a questão da relação entre os dois países. Eu acho que a relação dos países está numa etapa muito boa. Eu sempre defendo a tese de que a relação Brasil X Estados Unidos tem que se transformar numa relação, digamos assim, estrutural. Que ela tenha uma dinâmica própria que vai, ainda, da conjuntura. É claro que os eventos são importantes, e se você tem uma maior sintonia entre os dois governos, isso facilita a relação. Mas a relação deve ter um elemento estrutural, permanente”.

A relação entre os dois governos funcionou muito bem. O que estava faltando na relação era um encontro entre os presidentes, um contato entre os presidentes. Faltava um telefonema, faltava um contato pessoal. Esse encontro pessoal traz o elemento que estava faltando na relação, mas eu acho que a relação entre os dois governos, a relação entre os dois países e a maneira como estamos trabalhando com os nossos colegas americanos do Departamento de Estado e o resto da Esplanada está trabalhando com os outros órgãos americanos é muito positiva e funciona muito bem. O que estava faltando era exatamente esse elemento, se você quiser chamar da diplomacia presidencial. É um elemento importante e é o que estava faltando. Então, acho que agora a gente completa, se você quiser, o pacote. Estava faltando algo importante, que era o encontro entre os presidentes, que sempre tem um significado e dá um impulso à relação.”

Relação após encontro entre Bolsonaro e Biden

“A nossa expectativa é continuar com as iniciativas que nós temos muito positivas com os americanos nas mais variadas áreas e que esse encontro com o presidente dê um impulso adicional a essas áreas de trabalho e, evidentemente, é uma prerrogativa dos presidentes darem novas instruções às equipes deles. É muito difícil eu antecipar qual vai ser a conversa e, se dessa conversa, vão sair novas instruções para os que têm que operar no dia a dia, para os ministros e para as equipes dos ministros. Então, o que podemos esperar é que saia, eventualmente, uma nova orientação ou novas orientações de áreas de trabalho ou coisas a fazer conjuntamente depois desse encontro dos dois presidentes.”

Prioridades para a relação Brasil x EUA

“Todos os temas que nós estamos trabalhando são importantes. É muito difícil priorizar, porque se eu disser que gostaria de ter mais comércio e investimento, que eu acho que é um tema central – acho que todos gostaríamos de ter mais comércio, mais investimentos e mais acordos nessas áreas. É fundamental. Isso é um tema central. Mas há outros temas do momento, como energia, como as questões relacionadas com a agricultura e a produção agrícola, as questões de defesa e a indústria de defesa e a cooperação nessa área, ciência e tecnologia. ”

Documento sobre Democracia da Cúpula das Américas

“Na verdade, são vários documentos. Tem um documento sobre democracia e direitos humanos – uma declaração, tem uma declaração sobre saúde pós pandemia, tem uma declaração sobre transição energética, e tem uma declaração sobre transformação digital, essas são as que estamos negociando até agora. Paralelamente, tem um outro texto sendo negociado sobre imigração. Então, no momento, são esses textos que estão em cima da mesa sob objeto de negociação. O Brasil participou dessa negociação de forma construtiva, pragmática, em todo o processo. E, já respondendo a sua pergunta, nós não temos problema com nenhum desses documentos. São 30 e tantos países negociando e é um processo completo porque cada país põe o seu parágrafo, coloca a sua ideia, coloca a sua frase”.

Então, pra você chegar a um texto de consenso, quando você tem essas reuniões com muitos países, é um processo por complexo por natureza. Sempre é. Mas o meu recado é que o Brasil não tem dificuldade com nenhum desses documentos. Inclusive, esse documento sobre Democracia e Direitos Humanos tampouco é complicado para o Brasil. Pelo contrário, o Brasil trabalha nessas áreas. O que que não tem nesse papel? Tem tudo. É um documento enorme, que fala das questões dos direitos humanos, fala em garantir os direitos das minorias, igualdade, respeito às instituições. Tem, evidentemente, a questão das eleições, mas vai muito além disso. É uma miríade de todos os temas que você puder imaginar de direitos humanos e de democracia. E é um documento tranquilo para o Brasil porque tá em linha com toda a nossa legislação e nossos compromissos internacionais. Mas como eu tô te dizendo e insisto: o documento sobre democracia e direitos humanos não é um documento que coloca algum tipo de dificuldade para o Brasil. Coloca para outros países, mas não para o Brasil.”

Como EUA enxergam eleições brasileiras de 2022

“A única coisa que eu vou te dizer, que não sei se é útil, no contato que eu tive no diálogo de alto nível com os dois subsecretários americanos, foi tratado de forma muito passageira em que eles ressaltaram a confiança que eles têm na democracia brasileira. Foi só isso que foi falado. Não houve discussão, não houve debate sobre esse tema.”

Agenda ambiental de Joe Biden

“Eu acho que nós estamos indo com muita tranquilidade, nós já temos um denso diálogo com os americanos no tema da mudança do clima, essa questão do desenvolvimento sustentável, ambiente, até a questão do desmatamento. Há o processo de diálogo do Itamaraty e do Ministério de Minas e Energia com a equipe do Biden. Então, esse não é um tema novo, esse é um tema que nós já estamos falando com os americanos, e tratamos com muita tranquilidade. E o recado é sempre o mesmo, o Brasil assumiu compromissos, os EUA assumiram compromissos, o Brasil tem sua lição de casa para fazer e os EUA também tem dever de casa a fazer. Então, não se trata aqui de um cobrando o outro. Se trata de dois países conversando sobre o que se deve fazer para cumprir com os compromissos que apresentou nas conferências internacionais.”

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