Integrantes do Ministério da Saúde se reuniram ontem com grupo contrário à vacinação infantil e alvos da CPI da Covid, conforme informação revelado pelo site “Metrópoles”.
Segundo a publicação, o encontro teve como objetivo “subsidiar a pasta com dados que avaliam o risco-benefício” da aplicação da vacina da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou na última quinta-feira (16) o início da imunização no público dessa faixa etária, mas o governo de Jair Bolsonaro (PL) já declarou ser contrário.
Participaram da reunião a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Isabel Correia Pinheiro — que ficou conhecida como ‘capitã cloroquina’ devido à defesa do chamado tratamento precoce contra a covid — e o secretário de Tecnologia, Ciência e Insumos em Saúde Hélio Angotti Neto. Os dois tiveram o pedido de indiciamento feito pela CPI da Covid, no Senado.
O encontrou contou ainda com a participação de Bruno Campello de Souza e Ellen Gonçalves Guimarães —eles integraram a comitiva do Ministério da Saúde que foi a Manaus (AM), em janeiro deste ano, para promover o TrateCov, aplicativo que receitava até medicamentos sem eficácia comprovada contra a doença.
Constam também os nomes de Roberta Lacerda Almeida de Miranda e Edimilson Ramos Migowski de Carvalho. A dupla assinou um documento encaminhado à Anvisa manifestando ser contra a vacinação infantil.
Ao “Metrópoles”, Mayra Pinheiro disse que “a discussão toda foi comandada pelas secretarias que fazem o parecer, a Secovid [Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19], da doutora Rosana [Leite de Melo].”
“Nós todos demos a nossa opinião. Os dados serão usados pelo Ministério da Saúde para subsidiar a audiência pública”, acrescentou a secretária.
Consulta pública
O Ministério da Saúde editou hoje (22) ato de ofício em que divulga a abertura de consulta pública sobre a aplicação ou não de vacinas contra o coronavírus na população de 5 a 11 anos de idade.
A comunicação, assinada pela Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, foi publicada no Diário Oficial da União e estabelece o período de 23 de dezembro a 2 de janeiro de 2022 para que os brasileiros possam opinar a respeito do tema.
Segundo o Ministério da Saúde, a consulta pública referente ao tema —que tem gerado resistência por parte de pessoas contrárias à vacinação e/ou apoiadores do presidente Jair Bolsonaro— servirá para “manifestação da sociedade civil a respeito da vacinação contra a covid-19 em crianças de 5 a 11 anos de idade”. Além disso, funcionará “para que sejam apresentadas contribuições, devidamente fundamentadas”.
A discussão sobre o tema virou caso de polícia depois que pessoas de opinião contrária à vacinação em crianças enviaram emails a diretores e servidores da Anvisa com mensagens de intimidação e até mesmo ameaças de morte.
A agência comunicou tais fatos à Polícia Federal, que abriu uma investigação. Um homem foi denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República). Agora, cabe à Justiça avaliar se ele se tornará réu e responderá a uma ação penal.

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