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Colunista

José Melo

Pesquisas de opinião: leitura crítica e contextualizada

As pesquisas de opinião pública são ferramentas importantes para compreender o que as pessoas pensam e sentem sobre os mais variados temas, como, por exemplo: política, educação, saúde, segurança e produtos. Também abordam questões políticas, como eleições, partidos e políticas públicas, além do que as pessoas pensam sobre produtos e serviços, incluindo suas preferências e comportamento de compra.

Embora sejam instrumentos importantes para a tomada de decisões, o usuário precisa ficar muito atento ao visualizar o resultado de uma pesquisa, sobretudo quando se tratar de pesquisas sobre candidatos e eleições.

Existem institutos de pesquisa que merecem credibilidade; realizam os levantamentos de forma técnica e publicam os resultados corretamente. No entanto, mesmo esses números, vindos de institutos confiáveis, especialmente os eleitorais, precisam ser analisados de acordo com o contexto e o momento em que os dados foram coletados.

Vi esta semana o resultado de uma pesquisa feita por uma empresa respeitada, que afirmava que “o presidente Lula ganharia a próxima eleição para Presidente da República do Bolsonaro ou de qualquer outro candidato da direita”.

Analisando friamente, em razão do contexto e do momento, essa pesquisa, embora técnica, está contaminada:

  • O ex-presidente Bolsonaro está inelegível, e essa informação é divulgada diariamente pela grande mídia;
  • Os outros possíveis candidatos da chamada direita, à exceção de Ronaldo Caiado, que já expôs publicamente sua intenção, ainda não se declararam “pré- candidatos” à Presidência da República — pelo menos até o período da referida pesquisa;
  • Além disso, salvo Bolsonaro (inelegível), os demais pré-candidatos não estão presentes na grande imprensa diariamente, portanto, estão fora de foco.

De outro lado, o presidente Lula:

  • Está presente na mídia diariamente, seja de forma negativa ou Gilberto Mestrinho, um sábio político do Amazonas, dizia: “falem mal de mim, mas falem de mim”;
  • É quem anuncia benefícios para o povo, sempre com grande repercussão na mídia. Exemplos: a nova faixa de isenção do imposto de renda, o Pé-de-Meia, o Mais Especialistas, o Minha Casa, Minha Vida…;
  • Administra um orçamento bilionário (em 2025, a previsão é de R$ 5,8 trilhões) e participa de todos os lançamentos de programas, políticas públicas e inaugurações de obras do governo federal, sempre com massiva cobertura da imprensa;
  • Realiza ações direcionadas a prefeitos e governadores (repasses, convênios, anúncios de obras), amplamente divulgadas pelo governo federal e pelos governos beneficiados (estaduais e municipais);
  • Gasta bilhões de reais em propaganda e publicidade institucionais sobre as realizações do seu governo. Para 2025, a previsão é de R$ 3,5 bilhões;

 

  • Utiliza, na publicidade, não só o orçamento da União, mas também os de empresas estatais como a Caixa Econômica, o Banco do Brasil, a Petrobras, os Correios… E o grande beneficiado é sempre o presidente. No caso, o presidente Lula. A título de exemplo: somente para a TV Globo, a Secretaria de Comunicação do Governo Federal (Secom) destinou R$ 177,2 milhões.

Portanto, o resultado da pesquisa, nesse contexto, embora feita por um respeitável instituto, está contaminado.

Ainda há o “lado escuro” de certas pesquisas: as chamadas “pesquisas paletó”, feitas “por encomenda”.

São como aves de arribação: aparecem sempre nos períodos pré-eleitorais e eleitorais. Infelizmente, os resultados dessas “pesquisas”, em muitos casos, influenciam as decisões dos eleitores, beneficiando determinados candidatos.

“Muita água ainda vai rolar” até o próximo pleito para presidente, senadores e deputados, e muitas pesquisas ainda serão publicadas. Recomenda-se cautela ao analisá-las.

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