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União Europeia decide congelar bens de Putin e do seu chanceler

Decisão, que não deve incluir o veto a viagens ao continente, será confirmada ainda nesta sexta, como parte de um mais um duro pacote de medidas contra Moscou

A União Europeia (UE) decidiu incluir o presidente russo, Vladimir Putin, e o chanceler, Sergei Lavrov, em uma lista de pessoas sujeitas a sanções, ligadas à invasão da Ucrânia pela Rússia. Com isso, bens dos dois citados em território europeu serão congelados, mas não há sinais de que eles terão suas entradas no bloco impedidas.

“Não haverá a proibição de viagens porque queremos manter a possibilidade de negociações para colocar fim à violência na Ucrânia”, afirmou a jornalistas o ministro das Relações Exteriores da Áustria, Alexander Schallenberg, em Bruxelas, nesta sexta-feira.

A decisão, que pode ter pouco impacto prático mas manda uma dura mensagem ao Kremlin, faz parte de um segundo pacote de sanções acordadas no final da noite de quinta-feira (madrugada de sexta-feira em Bruxelas) pelos líderes da UE, e que deve ser confirmada ainda na tarde desta sexta-feira.

“O mais importante é que Putin e Lavrov, que são os responsáveis por essa situação, serão sancionados de forma severa pela UE”, afirmou a ministra das Relações Exteriores alemã, Annalena Baerbock, antes da reunião de chanceleres do bloco.

Horas antes, na reunião de cúpula, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que iria punir o Kremlin por suas ações.

“O pacote de sanções maciças e específicas que os líderes europeus aprovaram esta noite claramente mostra que ele terá o impacto máximo sobre a economia russa e a elite política”, afirmou, citada pelo Politico Europa.

As medidas se centram em cinco áreas: setor financeiro, de transportes, controles de exportação e política de emissão de vistos — na prática, nenhum setor estratégico da Rússia deve ser poupado pelas medidas, que se juntam a anúncios de pacotes feitos pelo Reino Unido e pelos Estados Unidos, na quinta-feira.

“Estamos atingindo agora 70% do mercado bancário russo, e também empresas-chave controladas pelo Estado, como no campo da Defesa”, argumentou.

 Segundo Ursula von der Leyen, em entrevista coletiva na quinta-feira, as medidas vão elevar os custos de tomadas de empréstimos no exterior, impedir que empresas públicas russas sejam listadas em bolsas europeias e os grandes bilionários não poderão abrir bancos em instituições financeiras do bloco.

Segundo o rascunho do texto, obtido pela agência Lusa, cidadãos russos e residentes também não poderão realizar depósitos superiores a 100 mil euros em bancos europeus, uma medida que, segundo o texto, possui um “impacto direto sobre a elite russa”. Diplomatas e empresários também não terão mais “acesso privilegiado” ao bloco, sugerindo um maior controle ou mesmo o veto a vistos — não foi especificado se pessoas com vistos de residência, como os próprios bilionários russos, serão atingidas.

No setor de energia, vital para a economia russa, será proibida a exportação de tecnologias de refino específicas para a União Europeia, tornando, segundo o texto, praticamente impossível uma atualização das refinarias russas para atender as expecificações do bloco.

Ainda haverá vetos à venda de aeronaves, peças de reposição e outros equipamentos usados por empresas aéreas russas — apesar do setor aéreo da Rússia ter aviões próprios, as grandes empresas usam, majoritariamente, aviões produzidos na Europa e EUA. Tecnologias avançadas, como as necessárias para a construção de semicondutores, também foram citadas.

“Nossa união é nossa força. O Kremlin sabe disso e deu o seu melhor para tentar nos dividir mas ele fracassou, e conseguiu exatamente o contrário”, disse Von der Leyen.

Lacunas

Apesar do anúncio das duras sanções, e da promessa de um terceiro pacote, analistas apontam que ainda é possível avançar mais nas medidas da UE, dos EUA e do Reino Unido. Em série de publicações no Twitter, o ex-secretário do Tesouro dos EUA sobre Financiamento ao Terrorismo, Marshall Billingslea, listou possíveis alvos de punições, como sanções ao Banco Central russo, ampliação dos controles sobre exportações, restrição dos meios de pagamentos a exportações de óleo e gás e, a mais questionada, o corte do acesso da Rússia ao sistema de transações internacionais Swift. Muitos temem, especialmente os europeus, que essa decisão possa ter impactos em seus próprios países.

“Nenhuma dessas medidas depende de acordo da UE ou Reino Unido. Elas teriam seu valor, mas não seriam essenciais. Não digo que elas, por si só, forçariam Putin a interromper sua guerra. Sanções nunca são um substituto para estratégias. Mas essas medidas representam um ataque debilitante ao governo russo”, escreveu Billingslea, que também atuou, no governo Trump, como enviado especial para controle de armas, e atuou em negociações com a Coreia do Norte, talvez o país que mais tenha sanções aplicadas contra si.

Há ainda a opção se suspender a Rússia de organizações internacionais, como a Interpol, o arresto de bens da elite russa ao redor do mundo, especialmente em Londres, e atacar veículos de comunicação apontados como ferramentas de propaganda do Kremlin no exterior, como a rede RT, muito embora ela opere principalmente em plataformas digitais. Sem contar compromissos para reduzir as compras de gás e petróleo russo, uma decisão que dificilmente será tomada em conjunto por europeus, dada a dependência, hoje, do produto vindo da Federação Russa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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