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PF afirma que milícias digitais usam estrutura do ‘gabinete do ódio’

Relatório da delegada Denisse Ribeiro, que investiga as Fake News e as milícias digitais, foi enviado ao ministro Alexandre de Moraes
MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL

Um relatório encaminhado ao STF (Supremo Tribunal Fedral) pela PF (Polícia Federal) afirma que a atuação de uma milícia digital investigada pela Corte é operada pelo chamado “gabinete do ódio” — que seria formado por apoiadores do governo. O relatório da delegada Denisse Ribeiro, responsável pela investigação das Fake News e das milícias digitais, foi enviado ao ministro Alexandre de Moraes e, de acordo com o documento — obtido pelo R7 — a organização criminosa opera para atacar e difamar pessoas tidas como advesários. Segundo o relatório, o grupo tem por objetivo propagar desinformação, criando e deturpando dados para obter “ganhos políticos, ideológicos e financeiros”.

No documento, a delegada Denisse Ribeiro detalha como o grupo do “gabinete do ódio”  atua praticando ataques virtuais aos alvos previamente escolhidos. “Observa-se também que, além de promover ataque aos veículos tradicionais de difusão de informação (jornais, rádio, TV etc.) e de estimular a polarização e o acirramento do debate, a organização utiliza essa estrutura para atacar de forma anônima diversas pessoas (antagonistas políticos, ministros do STF, integrantes do próprio governo, dissidentes etc.), tudo com o objetivo de pavimentar o caminho para alcance dos objetivos traçados (ganhos ideológicos, político-partidários e financeiros)”, diz a delegada no relatório.

O documento diz ainda que vistas em conjunto, as diversas comunicações entre os integrantes da organização, o cruzamento de dados adquiridos mediante quebra de sigilo legal, as oitivas e os documentos obtidos permitem identificar a estrutura montada, os papéis de seus membros e os objetivos buscados, os quais são até aqui indicadores de uma atuação orquestrada, que pratica os fatos descritos com o propósito de difundir os ataques e/ou desinformação, criando ou deturpando os dados para obter vantagens e auferir lucros diretos ou indiretos por canais diversos.

O documento cita como exemplo, a elaboração de dossiês contra antagonistas e dissidentes, inclusive com insinuação de utilização da estrutura de Estado para atuar investigando oponentes políticos.

O relatório conclui afirmando que há “lacunas que precisam ser preenchidas, indicadoras da necessidade de realização de novas diligências (…), com indicação de autores e partícipes; realização de oitivas diversas; prosseguimento do cruzamento dos dados existentes, especialmente os contidos em outras apurações; além de novos indiciamentos e interrogatórios.

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