Nesta terça-feira (28), segundo dia de atividades do Teste Público de Segurança da Urna 2023, participantes individuais ou que integram grupos prosseguiram na execução dos planos de teste programados. O evento começou nesta segunda (27) e se estende até sexta (1º), no edifício-sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília (DF).
Durante toda a semana, as investigadoras e os investigadores inscritos, num total de 36 pessoas, vão executar 31 planos de teste nas urnas eletrônicas que serão usadas nas Eleições Municipais de 2024. Nesta terça, os participantes do Teste Público continuaram a implementar ações para realizar os planos, que buscam verificar a segurança das urnas eletrônicas.
Segundo o coordenador de Sistemas Eleitorais do TSE, José de Melo Cruz, os investigadores estão avançando e alguns testes já foram concluídos com sucesso parcial. Mas novas possibilidades de verificação surgem e trazem consigo a expectativa de mais trabalho até o final da semana. “Hoje temos vários grupos já bem avançados. Alguns já foram concluídos com um sucesso parcial e outros sem sucesso nenhum. Outros estão avançando, mas o processo está bem adiantado. Tem grupo com mais de um plano de teste. Então, temos bastante atividade até a sexta-feira”, descreveu.
Conforme explicou o secretário de Tecnologia da Informação do TSE, Júlio Valente, há muitos grupos que estão ainda se sintonizando. “Vários investigadores estão iniciando seu plano de teste, mas nós já temos outros testes executados em que os investigadores tentaram e, enfim, não obtiveram os resultados que imaginavam. Nós estamos caminhando muito bem”, ressaltou Valente.
Comissão Avaliadora
Pela manhã, integrantes da Comissão Avaliadora do Teste da Urna alinharam os critérios que serão utilizados para a análise das estratégias adotadas por investigadoras e investigadores. O professor de Computação da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) Jamil Salem Barbar, um dos membros da comissão, explicou o passo a passo desse exame.
“A gente vai classificar os testes [executados pelas investigadoras e investigadores] e avaliar cada um deles em cima de alguns parâmetros. Nosso trabalho praticamente está começando agora”, disse Jamil.
Acompanhamento da USP
O Teste da Urna também conta com o apoio de 15 pesquisadores do Laboratório de Arquitetura e Redes de Computadores (Larc) da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) que acompanharão as investigadoras e os investigares na execução dos planos.
Em junho de 2023, o TSE e a USP firmaram um convênio de cooperação técnico-científica que ampliou a integração entre as instituições no processo de avaliação da segurança do hardware e do software do sistema eletrônico de votação antes, durante e depois do evento.
Além de colaborar com a organização e dar suporte aos participantes do Teste da Urna, a USP realiza uma investigação contínua da segurança do equipamento e, dentro do projeto “Eleições do Futuro”, ainda propõe novas tecnologias a serem incorporadas para elevar o nível de proteção dos sistemas eleitorais.
Felipe Kenzo Shiraishi é um dos pesquisadores da Escola Politécnica da USP presentes no evento. Em 2022, ele foi uma das pessoas que examinaram o código-fonte e testaram as urnas eletrônicas modelo 2020 antes do pleito do ano passado.
“[A nossa avaliação] é que se trata, de fato, de um código-fonte maduro, tanto da base quanto provavelmente dos desenvolvedores por trás. Então, a gente enxerga a evolução, a boa vontade e o bom empenho do TSE para melhorar os seus sistemas”, disse Shiraishi.
Ponto de vista dos investigadores
O mestre em Computação Aplicada Marcos Roberto dos Santos, de Passo Fundo (RS), é o representante de um dos dois grupos compostos por professores e alunos da faculdade Atitus Educação. Juntas, as equipes apresentaram três planos de teste.
De acordo com o professor, a análise preliminar pelos participantes do Teste Público do conjunto de comandos existentes nas urnas eletrônicas – que ocorreu entre os dias 9 e 20 de outubro – foi muito importante para entender como funciona a engrenagem do sistema eleitoral.
“A inspeção do código-fonte tem esse viés [e serve] para que a gente possa compreender o processo como um todo e também olhar os pormenores do sistema. A gente pode inspecionar durante uma semana, entendendo todos os módulos”, afirmou Marcos Roberto.
Para André Mário dos Reis dos Santos, de São Paulo (SP), representante do grupo 7 de investigadores, o Teste da Urna tem um propósito mais voltado ao social. “Foi uma oportunidade que a gente viu de atuação do nosso coletivo de programadores para dar um retorno à sociedade e contribuir para a discussão sobre a segurança das urnas”, disse.
O segundo dia de testes foi especial para a investigadora Érika Maria Rodrigues de Castro. Ela veio de Mont Mor (SP) para celebrar seu aniversário na sala de auditoria do TSE. Graduada em Ciências Jurídicas e Sociais, Érika tenta achar falhas na transmissão de dados entre as mídias físicas que armazenam os votos quando a eleição é encerrada. “Eu tive a oportunidade de inicializar a urna, de acompanhar o sistema até a votação, vi os dados sendo encaminhados para o TSE e o registro disso. Se acontecer algum problema no meio do caminho, a urna vai te avisar”, relatou a investigadora.
O mineiro João Benedito dos Santos Junior, de Poços de Caldas (MG), atestou a segurança da urna já no segundo dia de evento. Ele é doutor em Ciência da Computação e Matemática Computacional e veio ao Tribunal verificar a integridade da urna eletrônica depois que ela é lacrada. “Meu trabalho foi o de informar à sociedade que, uma vez que a urna foi lacrada, nenhum outro componente é inserido. Se, algum dia, alguém tiver alguma desconfiança de que isso aconteceu, basta solicitar a extração dos resumos para validar a integridade da urna eletrônica”, afirmou.
Conheça o perfil e os planos dos participantes do Teste da Urna.
O que é colocado à prova no Teste da Urna?
A ação das investigadoras e dos investigadores ocorre nas urnas eletrônicas modelos 2022 e 2020, com os respectivos firmwares (programas que fazem tarefas de controle do hardware) e mídias eletrônicas. Também podem ser testados o Gerenciador de Dados, Aplicativos e Interface com a Urna Eletrônica (Gedai-UE), o Software de Carga, o Software de Votação, o Sistema de Apuração, o Kit JE-Connect, entre outros sistemas previstos no artigo 2º do edital do evento.
Teste Público da Urna
O Teste Público de Segurança da Urna (TPS) 2023 é voltado a especialistas com interesse em colaborar com a Justiça Eleitoral no aprimoramento dos sistemas eletrônicos de votação e apuração a serem utilizados nas Eleições Municipais de 2024, bem como contribuir para o fortalecimento da democracia. Para esta edição, serão usados os modelos mais recentes do equipamento (UE2020 e UE2022).
O evento tem como objetivo fortalecer a confiabilidade, a transparência e a segurança da captação e da apuração dos votos, assim como propiciar o aperfeiçoamento do processo eleitoral.
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