Em meio a crise escancarada com o presidente Jair Bolsonaro (PL), o ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, atacou a advogada Karina Kufa, que compõe a equipe de defesa do chefe do Executivo Federal, e foi uma das responsáveis por tentar alavancar a criação do partido Aliança Pelo Brasil, mas não obteve sucesso.
Nas redes sociais, Karina se manifestou sobre os desentendimentos entre Abraham e seu irmão, Arthur Weintraub, com a família presidencial, e disse que os irmãos “nunca” lhe enganaram.
“Caíram as máscaras. Os irmãos nunca me enganaram”, escreveu Kufa.
Em resposta, o ex-chefe da Educação questionou se o fracasso na tentativa de criar o Aliança foi motivado por “sabotagem ou incompetência” da advogada, e perguntou se ela irá devolver o dinheiro arrecadado para a sigla.
“É verdade, eu nunca engano as pessoas. Já você… Cadê o Aliança? Foi sabotagem ou incompetência? Vai devolver o dinheiro?”, publicou.
Lançado em novembro de 2019 com o objetivo de abrigar o presidente Jair Bolsonaro, após a saída do político do PSL, legenda pela qual ele se elegeu ao Planalto, o Aliança Pelo Brasil não conseguiu se viabilizar como partido para as eleições municipais em 2020 e tampouco para o pleito deste ano — os organizadores falharam em captar a quantidade mínima de assinaturas. Ciente disso, o mandatário descumpriu sua promessa de campanha em 2018 e voltou a fazer alianças com o Centrão ao se filiar ao PL.
Crise na relação entre Weintraub e Bolsonaro
Ontem, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o secretário especial da Cultura, Mario Frias, trocaram farpas com os ex-aliados Abraham e Arthur Weintraub, e escancaram a crise na extrema-direita.
As discussões tiveram início após Frias curtir uma publicação que sugeria a possibilidade de prisão do ex-ministro da Educação, o que gerou uma reação de Arthur, que disse não haver motivos para a detenção do irmão.
Abraham Weintraub e o seu irmão, Arthur Weintraub, que é ex-assessor da Presidência da República, retornaram ao Brasil na semana passada depois de um período morando e trabalhando nos Estados Unidos.
Antes de deixar o Brasil, ainda no governo Bolsonaro, Weintraub protagonizou atritos com o STF (Supremo Tribunal Federal) e passou a ser investigado no âmbito do inquérito das fake news por disseminação de desinformação e ameaças aos ministros da Corte.
Pouco tempo depois da mensagem de Arthur, Mario Frias e Eduardo Bolsonaro reagiram, quase que simultaneamente, às acusações dos irmãos, e apontaram que os Weintraub já curtiram postagens sobre Bolsonaro “ser frouxo, covarde e vendido para o sistema”.
Pré-candidatura e crise entre bolsonaristas
Ao retornar ao Brasil para pré-candidatura ao governo de São Paulo, Abraham Weintraub passou a bater de frente com conservadores e a fazer insinuações contra o próprio presidente Bolsonaro, que defende o ministro Tarcísio de Freitas como o seu candidato ao posto nas eleições em outubro.
Na última terça-feira, durante uma live nas redes sociais, tanto Weintraub quanto o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo fizeram críticas à aliança do presidente com os partidos do centrão. Para o ex-titular da Educação, os conservadores foram “substituídos por essa turma [do centrão]”. O ex-chanceler, por sua vez, disse que o bloco político “começou a dominar o governo e pautar o governo”.
Weintraub também indicou que o presidente Jair Bolsonaro soube que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz eram alvo de investigação antes que os fatos viessem a público.
Planalto vê Weintraub como “maluco”
Segundo apurou a coluna de Carla Araújo, do UOL, fontes próximas ao presidente afirmam que o ex-ministro quer fazer barulho e chamar a atenção já que pretende ser candidato ao governo de São Paulo em outubro. Mas não há consenso.
Enquanto alguns auxiliares afirmam que há motivo para apreensão e lembram episódios de ex-desafetos do presidente, como o general Santos Cruz e o ex-ministro Gustavo Bebbiano, outros minimizam as declarações de Weintraub e afirmam que a artilharia dele não deve atacar diretamente o presidente e o seu passado no governo.
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