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Veja as proibições impostas pelo Talibã e como elas afetam a vida do povo, em especial das mulheres

Restrições estabelecidas pelo grupo radical afastam as mulheres das universidades, do mercado de trabalho e dos espaços públicos
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Mais recentemente, no último domingo (30), o Talibã proibiu motoristas de transportarem passageiras que não estejam usando burca, vestimenta que cobre todo o corpo, e apresenta uma estreita tela à altura dos olhos para permitir a visão. Mulheres que não tinham o corpo totalmente coberto relatam terem sido removidas à força dos carros pela polícia da moral.

A burca é uma peça de vestuário tradicional no Afeganistão e amplamente usada nas partes mais remotas e conservadoras do país. Mesmo antes do retorno ao poder do Talibã, a grande maioria das mulheres afegãs usava hijab. O véu cobre o cabelo, mas deixa o rosto e boa parte do corpo de fora.

Um dia antes, no sábado (29), o Talibã lançou instrumentos e equipamentos musicais em uma fogueira em Herat, cidade no oeste do Afeganistão, por considerarem a música imoral. Segundo o grupo fundamentalista, “promover a música leva à corrupção moral, e tocar música engana os jovens”.

Entre os instrumentos jogados na fogueira estavam um violão, um harmônio, outros dois instrumentos de cordas e um tabla (tambor). Muitos dos equipamentos musicais que queimaram no sábado foram confiscados dos salões de casamento da cidade.

No último dia 25 de julho, milhares de salões de beleza fecharam suas portas de forma definitiva no Afeganistão. A decisão de fechar esses estabelecimentos foi anunciada por decreto no fim de junho.

Segundo a Câmara de Comércio e Indústria para as Mulheres Afegãs, a proibição dos salões de beleza fará com que cerca de 60 mil mulheres, que trabalhavam em 12 mil estabelecimentos, percam sua única fonte de renda. Os locais também constituíam um dos últimos espaços de liberdade e socialização para as afegãs.

Reprodução: Twitter

 

Anteriormente, a orientação era que todos os manequins fossem decapitados, ou seja, precisavam ter as cabeças arrancadas. Desta vez, as lojas podem apenas cobrir com tecidos e até sacos plásticos, desde que não seja possível ver a face.

Em dezembro de 2022, o Talibã ordenou a todas as ONGs nacionais e internacionais que deixassem de empregar mulheres. A justificativa era de que elas não estariam respeitando o código de vestimenta.

Segundo o grupo fundamentalista, “houve denúncias graves sobre o descumprimento do uso do hijab islâmico e outras regras e regulamentos relacionados ao trabalho feminino”. Organizações que descumprirem a diretriz terão a licença para operar cancelada.

Também em dezembro de 2022, o Talibã anunciou a proibição do acesso ao ensino universitário a mulheres no Afeganistão por tempo indeterminado. Três meses antes, milhares de afegãs que sonhavam em entrar na universidade haviam prestado vestibular.

No dia seguinte ao anúncio, centenas de mulheres se reuniram em frente a uma universidade em Cabul (foto), mas foram impedidas de entrar na instituição. Seguranças armados faziam a guarda do local, que se encontrava com os portões trancados.

Com o acesso à universidade limitado aos homens, as mulheres foram excluídas também do mercado de trabalho. De acordo com uma pesquisa da Organização Internacional do Trabalho (OIT), no quarto trimestre de 2022, o emprego feminino teve redução de 25% em comparação ao segundo trimestre de 2021, período que antecedeu a tomada do poder pelo Talibã.

Dados da ONG Repórteres sem Fronteiras revelam, ainda, que o Afeganistão perdeu 60% de seus jornalistas, sendo as mulheres as mais afetadas. Em agosto de 2022, três em cada quatro mulheres jornalistas estavam desempregadas no país, em meio à profunda crise econômica e repressão à liberdade de imprensa.

WAKIL KOHSAR/AFP

 

O grupo fundamentalista islâmico proibiu a presença de mulheres em parques, jardins, academias, espaços esportivos e banheiros públicos. Com o fechamento dos salões de beleza no último dia 25 de julho, as afegãs agora carecem de lugares públicos para socializar e conhecer outras mulheres.

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