Em um esforço conjunto para fortalecer a resposta às emergências climáticas e melhorar a vigilância em saúde infantil, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), em parceria com o Governo do Estado do Amazonas, a Sociedade Amazonense de Pediatria e a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), lançou no dia 8 de agosto o curso on-line Vigilância em Saúde Infantil e Imunização em Contexto de Emergência e Mudanças Climáticas. O evento inaugural ocorreu no Auditório Universidade Aberta do SUS (UNASUS) na UEA em Manaus, e contou com a presença de autoridades de saúde e especialistas.
O curso, que visa capacitar profissionais de saúde que atuam nas comunidades ribeirinhas e indígenas do Amazonas, foi desenvolvido para abordar as peculiaridades regionais e os desafios impostos pelas mudanças climáticas, como a estiagem severa. A aula inaugural foi marcada pela presença de representantes da Secretaria de Estado de Saúde, Colegiado de Secretários Municipais de Saúde (COSEMS) Amazonas, Sociedade de Pediatria, Universidade do Estado do Amazonas e UNICEF.
Segundo Luciana Phebo, Chefe de Saúde e Nutrição do UNICEF, “este curso é uma ferramenta crucial para preparar nossos profissionais de saúde para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas e garantir que as crianças das comunidades mais vulneráveis recebam a atenção necessária”.
Capacitação Estratégica para Enfrentar Emergências Climáticas
O curso foi criado para capacitar profissionais da atenção primária à saúde nos temas de imunização, manejo de crianças com diarreia e desidratação, avaliação nutricional e manejo da desnutrição, com foco nas especificidades das comunidades ribeirinhas e indígenas. Esta iniciativa surge como resposta às emergências climáticas que afetam a saúde infantil na região, exacerbadas pela estiagem severa que assolou o Amazonas em 2023 e que está se repetindo em 2024.
A seca de 2023 impactou gravemente as comunidades remotas do estado, dificultando o acesso à água potável e alimentação adequada, o que aumentou o risco de doenças como diarreia e baixo peso. A diarreia, quando não tratada adequadamente, pode levar a quadros graves de saúde, especialmente em crianças. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a diarreia é uma das principais causas de óbito de crianças menores de 5 anos em todo o mundo. Segundo dados do SISVAN/AM, em 2023, aproximadamente 6% das crianças com menos de 5 anos no Amazonas apresentaram peso e altura abaixo do recomendado para a idade, um problema que tende a se agravar em eventos climáticos extremos.
Estrutura do Curso e Metodologia
O curso será ofertado pela plataforma Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS), e é composto por seis módulos que cobrem desde o panorama da saúde nutricional no Amazonas até estratégias de vacinação intersetorial e manejo da desnutrição na atenção primária à saúde. O conteúdo é ministrado através de videoaulas gravadas por especialistas renomados, incluindo uma palestra de Luciana Phebo sobre as ações do UNICEF desenvolvidas no Brasil em resposta à estiagem e fumaças.
“A Universidade do Estado do Amazonas por meio da Telessaúde UEA, UNA-SUS e UDDAE, possibilitam que o conteúdo alcance os profissionais da saúde de todos os municípios do Amazonas e das áreas indígenas, contribuindo para o enfrentamento dos principais agravos gerados pelas mudanças climáticas nas áreas de difícil acesso”, afirmou Adriana Taveira, Coordenadora da Telessaude UEA / Unidade de Desenvolvimento e Apoio ao Ensino
Parcerias e Apoio
Este curso foi viabilizado por meio da colaboração de diversas instituições, incluindo a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM), Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Amazonas (COSEMS-AM), Universidade Aberta do SUS (UNASUS), Sociedade Amazonense de Pediatria (SAPED), e Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), e do financiamento da União Europeia, por meio do Departamento de Proteção Civil e Ajuda Humanitária (ECHO).
“Com o fortalecimento de ações integradas entre os órgãos estaduais, parceiros e UNICEF, nosso objetivo é reduzir os impactos da estiagem, especialmente nas populações mais vulneráveis, como crianças e adolescentes”, afirmou Debora Nandja, chefe do escritório do UNICEF em Manaus.
Resultados Esperados
Espera-se que a capacitação melhore significativamente a habilidade dos profissionais de saúde em lidar com as emergências climáticas e os desafios de saúde infantil na região. A meta é alcançar pelo menos 50% dos profissionais da rede de estratégia de saúde da família, garantindo uma resposta mais eficaz às situações de emergência e melhorando a qualidade da vigilância em saúde infantil e imunização.
“O COSEMS-AM se alegra com esta iniciativa que vem ao encontro de uma importante necessidade de formação de compreensão e de intervenção nas políticas de saúde voltadas para a infância, considerando o cenário de estiagem severa pela qual passamos. É necessário que todos estejamos preparados para as intervenções necessárias”, reforçou Rodrigo Balbi, Diretor do COSEMS-AM e Secretário Municipal Saúde de Manacapuru.
Envie seu comentário