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União entre adversários no campo político é uma característica dos momentos de crise

O exemplo das forças do passado inspira de certa forma o presente e a eleição da chapa Lula-Alckmin pode se tornar um movimento de restauração, recolocando no jogo forças democráticas que se opõe aos flertes com uma postura autoritária.
Foto: Divulgação

A união entre adversários no campo político é uma característica dos momentos de crise. É preciso um senso democrático e republicano para entender que a construção de soluções passa pela convergência, consenso e entendimento, elementos essenciais para vencer momentos difíceis que jamais seriam resolvidos de outra forma. O desfecho da eleição presidencial deste ano carrega este simbolismo.

Não é a primeira vez que estamos diante de uma convergência de forças democráticas que resolvem se unir em torno de um objetivo comum. No passado, durante o exílio, Juscelino Kubitschek foi responsável por iniciar um dos movimentos mais importantes em prol do restabelecimento da democracia em nosso país, unindo-se a João Goulart e Carlos Lacerda em uma Frente Ampla.

O exemplo das forças do passado inspira de certa forma o presente e a eleição da chapa Lula-Alckmin pode se tornar um movimento de restauração, recolocando no jogo forças democráticas que se opõe aos flertes com uma postura autoritária. O embate político saudável ocorre longe da submissão e da intimidação pela autoridade, mas pelo respeito às regras e normas estabelecidas pela lei.

A união de uma gama de partidos em torno do governo-eleito mostra que esta vitória de Lula foi profundamente diferente daquela alcançada em 2002. Longe de ser o partido hegemônico, o PT sabe que precisa de um arco de apoios sólidos para governar. A começar pela presença de Alckmin, o consórcio de forças que sustentará o próximo governo passará pelo centro, em aliança que contará com socialistas, tucanos, emedebistas, abarcando lideranças do União Brasil e do PSD, sem deixar de flertar com o apoio fisiológico do Centrão.

A convergência democrática será o ponto central deste novo governo, realizando um contraponto ao modelo bolsonarista, que aos poucos deve perder tração depois do rescaldo da eleição perdida. Longe de ser um líder, Bolsonaro soube aproveitar uma onda favorável pela direita, mas jamais fincou raízes capazes de levá-lo a inspirar uma agenda ou oposição pelos próximos quatro anos. O cargo de líder da oposição está vago e deve permanecer assim por algum tempo até que as feridas da derrota cicatrizem.

Olhando adiante, conseguimos vislumbrar os caminhos de nosso país para os próximos anos. Estaremos diante de um governo com viés social-democrata, com diálogo exterior e que deve optar por caminhos medianamente ortodoxos na economia. Uma agenda de inclusão de minorias nas áreas sociais, manutenção de programas de transferência de renda e restabelecimento de programas tradicionais da agenda petista, devidamente envelopados e de alto ganho político.

Se este for o resultado da Frente Ampla que se desenha em torno do novo governo, em pouco tempo haverá desmobilização da fúria bolsonarista, resguardada apenas a alguns núcleos específicos. O país precisa de união, mais do que qualquer outra coisa. Não se constrói uma nação baseada em raiva, ódio e ressentimento. Há que reconhecer a opção democrática exercida pela maioria dos brasileiros e olhar adiante. É momento de união e construção conjunta de uma boa política e uma frente ampla é a melhor tradução deste novo caminho.

Márcio Coimbra é Presidente do Conselho da Fundação da Liberdade Econômica e Coordenador da pós-graduação em Relações Institucionais e Governamentais da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Brasília. Cientista Político, mestre em Ação Política pela Universidad Rey Juan Carlos (2007). Ex-Diretor da Apex-Brasil e do Senado Federal

Sobre a Faculdade Presbiteriana Mackenzie

O Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM) é a entidade mantenedora e responsável pela gestão administrativa da Universidade Presbiteriana Mackenzie nos campi São Paulo, Alphaville e Campinas, das Faculdades Presbiterianas Mackenzie em três cidades do País: Brasília (DF), Curitiba (PR) e Rio de Janeiro (RJ), bem como das unidades dos Colégios Presbiterianos Mackenzie de educação básica em São Paulo, Tamboré (em Barueri – SP), Brasília (DF) e Palmas (TO). Além do Hospital Universitário Evangélico Mackenzie Paraná (Curitiba), que presta mais de 90% de seu atendimento a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) e integra o campo de estágios da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR).

 

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