A UBE (União Brasileira de Escritores), ciente de sua responsabilidade como uma das entidades guardiãs dos direitos democráticos, vem manifestar seu mais absoluto repúdio à censura do filme Como se tornar o pior aluno da escola, atitude ditatorial tomada pelo Ministério da Justiça nesta terça-feira, 15 de março. Importante frisar que esta nota não se traduz em aval à qualidade do filme, mas exclusivamente em reprovação ao ato de censura, que é inconstitucional e nos remete aos piores anos de ditadura no Brasil.
Em um país em que a cultura já vem sendo sistematicamente vilipendiada, não podemos aceitar mais um retrocesso. Em despacho publicado no Diário Oficial da União, o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor argumenta que a suspensão busca “a necessária proteção à criança e ao adolescente” e prevê multa de R$ 50 mil por dia em caso de descumprimento.
Não podemos admitir que uma peça de ficção seja analisada por critérios atrasados, submetida à apreciação de grupos fanáticos, de mentalidade ultraconservadora, pretensamente preocupados com a preservação de nossa infância. Censura é violência. Pensávamos ter nos livrado dela com o final dos anos de chumbo da ditadura militar. Não desejamos ver tolhido nosso direito de escolha!
Como escritores, preocupa-nos o precedente: começam com filmes, terminam proibindo textos.

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