A seca extrema que atinge o Rio Madeira neste ano expôs os destroços de um navio do século XIX que naufragou na passagem do Pedral do Marmelo, no município de Manicoré, Amazonas. Marinheiros e pescadores avistaram os destroços pela primeira vez em setembro deste ano.
Caio Giulliano Paião, doutor em história social, diz que a identificação da embarcação ainda requer uma pesquisa local e cruzamento de dados com obras de autores sobre a navegação na Amazônia, mas aponta que, pelas características, o navio é uma “chata” norte-americana, projetada para navegação em leitos rasos.
“Certamente é um navio construído entre a segunda metade do século XIX e início dos anos 1900. Agnello Bittencourt elencou alguns naufrágios que se encaixam nessas características no rio Madeira. Precisaríamos de uma pesquisa mais acurada, mas alguns nomes nos veem à cabeça pelas características dos navios e localização aproximada de seus naufrágios. Os vapores Içá (1881-1893), Canutama (construído em 1900) e a lancha Hilda”, explicou o historiador.
De acordo com a superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Beatriz Calheiros, ainda não existem informações técnicas suficientes sobre seu contexto histórico.
Seca revelou mistério
Pela primeira vez, moradores da região do Rio Madeira conseguiram ver todo o navio naufragado. Embora partes dos destroços tenham ficado visíveis em secas anteriores, somente em 2024 a embarcação emergiu completamente.
O chefe de máquinas de uma empresa de balsas que opera na área, Claudiomar Araújo, relatou sua experiência.
“Nas secas do Madeira já chegou a aparecer a ponta dele, era até usado como referencial, mas era muito raro acontecer. Este ano foi a primeira vez que ele apareceu mesmo. Eu trabalho há quase 15 anos viajando pelo Madeira e sempre seca muito, mas raramente a gente via algo do navio”, disse.
Veja o vídeo divulgado por moradores no início de setembro, quando o navio não estava totalmente visível:
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