Depois de passar pela maior seca dos últimos 121 anos, que provocou mudanças significativas no Amazonas, incluindo o isolamento de comunidades e o fechamento de escolas na área rural de Manaus, o Rio Negro começou a subir novamente na capital amazonense. Esse aumento beneficiou setores da economia do estado que dependem de atividades como transporte fluvial e turismo, impulsionando sua recuperação.
O processo de cheia já está beneficiando os principais rios do Amazonas, que mantêm níveis dentro da normalidade para esta época do ano, de acordo com o Serviço Geológico do Brasil (SGB). No dia 6 de janeiro, o nível do Rio Negro alcançou 21,46 metros, quase o dobro do nível mais baixo registrado em 26 de outubro de 2023, quando atingiu a cota histórica de 12,70 metros, conforme dados do Porto de Manaus, responsável pela medição do nível das águas na capital desde 1902.
Apesar da melhora no nível do Rio Negro e de outros rios do Amazonas, a situação no estado ainda não voltou completamente ao normal, e os 62 municípios do estado continuam em situação de emergência devido à seca. Para pessoas como o marinheiro Misael Oliveira, de 36 anos, que trabalha na Marina do Davi, na Zona Oeste de Manaus, houve uma melhoria na situação, mas a movimentação de clientes ainda é modesta.
No Lago do Puraquequara, na Zona Leste da capital, os visitantes estão voltando aos estabelecimentos flutuantes, porém, a vegetação que cresceu durante a seca agora cobre as águas, formando uma camada de capim que dificulta o acesso.
No Lago Tefé, no interior do estado, onde mais de 200 botos morreram – um dos símbolos da crise enfrentada pelo Amazonas durante a seca – a situação agora é de normalidade. Entretanto, a causa da morte dos animais ainda está sendo investigada pelo Instituto Mamirauá.
De acordo com Jussara Cury, pesquisadora de geociências do SGB, após a vazante severa que atingiu o estado, os níveis dos rios ficaram baixos e precisam de tempo para se recuperar, mas ainda estão sendo impactados pela escassez de chuvas durante o El Niño.
“O fenômeno afeta no acumulado de chuvas, que está abaixo do normal para o período. No momento Tabatinga, no Alto Solimões, está apresentando oscilações e até descidas. O mesmo ocorre na parte norte da bacia, como Alto Rio Negro e rio Branco, em Roraima, que estão em recessão e no caso de Boa Vista [capital de Roraima] com níveis baixos para o período”, explicou Cury ao g1.
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