O jornalista Ricardo Rangel avalia de forma positiva a aproximação entre Lula e as Forças Armadas, mas ressalta que o governo deve manter uma postura firme ao refazer os laços com os militares.
É possível [a reaproximação], porque os militares claramente também querem. Lula cometeu vários erros e Bolsonaro ainda fez várias acusações vagas em relação às Forças Armadas, que atrapalharam ainda mais a relação. Há várias pontes para consertar, mas não pode haver contemplação.
No UOL News desta sexta, Rangel reforçou as dificuldades que o governo Lula terá para reconstruir elos com as Forças Armadas. O jornalista lembrou que o próprio presidente cometeu falhas e parte dos militares vê o aniversário do golpe militar de 1964 como motivo de celebração, desafiando a orientação do general Tomás Paiva, comandante do Exército.
Hoje mesmo há um almoço no Clube Militar em homenagem à celebração do golpe. Tomás Paiva já tem uma série de candidatos a quem punir. É preciso fazer alguma coisa para ficar claro que as Forças Armadas não estão mais no golpe.
Rangel considera que as Forças Armadas brasileiras nunca foram democráticas, o que ajudou Jair Bolsonaro a encontrar aliados para seu discurso. Na opinião do jornalista, a reaproximação entre os militares e o governo Lula também deve fortalecer os ideais democráticos dentro das Forças Armadas.
Josias de Souza considera a aproximação dos militares ao governo Lula como um passo importante, mas ainda insuficiente. Para o colunista, já passou do momento de o país repensar a ação das Forças Armadas dentro de um regime democrático.
A parceria dos militares com Bolsonaro fez muito mal às Forças Armadas e as intoxicou. Qualquer esforço dos militares para se reposicionarem em cena deve ser louvado, mas seria necessário um pouco mais. É uma resposta insuficiente aos crimes, infrações e erros que os militares cometeram nos últimos anos. Infelizmente, o país continua tratando os militares como bibelôs intocáveis, cuja atuação não pode ser questionada. Estamos perdendo uma oportunidade única para rediscutir o papel das Forças Armadas. Josias de Souza, colunista do UOL .
Envie seu comentário