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Pet pode sofrer com retorno do trabalho presencial do tutor

Quadro de ansiedade gera problemas físicos e emocionais no animal
Fotos: Pixabay

Embora a pandemia não tenha terminado, muitas ações estão sendo tomadas indicando que a cada dia mais e mais pessoas estão a ter uma vida normal. Após mais de dois anos o uso da máscara deixou de ser obrigatório e a volta do trabalho presencial está mais comum para muitos profissionais.

E é sobre a volta do trabalho presencial do tutor e a ansiedade que ela pode causar aos pets que o Em Pauta Online vai falar na coluna dessa semana. Um estudo publicado pela revista científica Animals analisou a relação entre a rotina de donos de cachorros e o risco de os pets desenvolverem ansiedade por separação.

 Os resultados mostram que um em cada 10 cães desenvolveram novos sinais de ansiedade por separação antes inexistentes a partir do momento que as restrições da pandemia diminuíram e os pets passaram mais tempo sozinhos, afinal seu tutor passou a ficar mais tempo longe de casa.

“O sofrimento causado pela ausência do dono é tão intenso, que equivale a uma síndrome de pânico, em um humano. Cães com ansiedade por separação já estão com o emocional comprometido e demonstram isso com sinais físicos: excesso de latidos ou choros, comportamentos destrutivos que não aconteciam antes ou não acontecem na presença do dono, esquecer o lugar do banheiro, não comer ou beber água na ausência do dono, babar a ponto de fazer poças de saliva no chão, arranhar a porta para sair de casa etc.”, diz Camilli Chamone, consultora sobre bem-estar e comportamento canino.

Além do sofrimento pela ausência, também podem surgir problemas de saúde relacionados ao estresse, como doenças de pele, diarreias e vômitos recorrentes. Este quadro é causado, principalmente, pela junção de um ambiente pobre de estímulos e uma relação até natural de muita dependência entre o pet e o tutor.

 “Se o animal não tem nada para fazer, começa a redirecionar a atenção para o dono. Este, em contrapartida, ao ficar mais em casa na pandemia, dá essa atenção o tempo todo. Nestes casos, o cão associa a presença desta pessoa como essencial para o seu dia a dia e em sua ausência, entra em pânico”, explica Chamone.

 A situação é mais complicada quando o pet foi adotado e antes vivia na rua, pois depois de passar um tempo de privação, ao entrar em uma casa, com suas necessidades básicas atendidas com comida, água e carinho em um universo de atenção, esse animal terá maior chance de desenvolver essa ansiedade na ausência do dono.

 A consultora alerta que muitos tutores buscam um segundo pet para tentar resolver essa situação, mas ao contrário do senso comum, essa atitude pode piorar a situação. “Em consultorias, observo que o segundo pode acabar copiando o comportamento do primeiro e o tutor deixa de ter um cão em sofrimento e passa a ter dois, pois o comportamento inadequado de um deseduca o outro.” 

 Para tentar solucionar o problema é recomendado buscar orientação com um profissional de comportamento canino, que vai trabalhar a autonomia do pet com o tutor ainda dentro de casa, acostumando-o a estar na sua presença, mas sem acesso direto a ele.

 Outras ações ajudam, como ao trabalhar em casa o tutor ficar em um ambiente diferente do pet e enriquecer o espaço dele com estímulos, oferecendo um osso para roer ou brinquedos interativos, com alimentos. Além disso, na hora de dormir, o ideal é não deixar ficar na cama do tutor.

 Se o pet já desenvolveu ansiedade por separação é sensato deixá-lo na casa de um conhecido ou em creche de qualidade, com profissionais que entendam de comportamento canino até que o problema seja resolvido. 

Apesar dos desafios, é possível tratar o quadro e proporcionar melhor qualidade de vida a ambos. Com acompanhamento profissional e dedicação, isso é feito em cerca de quatro meses.

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