A nova tabela do Imposto de Renda começa a valer neste mês. Quem recebe até R$ 2.640 passará a ter isenção e não terá imposto descontado no salário. Quem recebe acima de dois salários mínimos também será beneficiado, pois passará a ter uma retenção menor de imposto na folha de pagamento.
Qual será o desconto de IR no salário?
Quem recebe até R$ 2.640 não vai mais pagar Imposto de Renda nem na folha de pagamento nem sobre esses rendimentos na declaração anual. Mais de 13 milhões de brasileiros vão deixar de pagar IR, segundo o governo
A nova tabela também beneficia trabalhadores que recebem acima de dois salários mínimos, que passarão a pagar mensalmente menos imposto. Um trabalhador que tem rendimento com base de cálculo de R$ 3.000, por exemplo, pagava R$ 62,60 de IR na fonte antes da mudança. Com a nova regra, vai pagar R$ 27 — R$ 35,45 a menos.
Nas faixas mais altas, diferença será menor, mas economia será de pelo menos R$ 15,53. O desconto para quem recebe R$ 10.000, por exemplo, passará de R$ 1.639,40 para 1.623,87. Praticamente todas as pessoas que ganham salários mais altos vão economizar pelo menos R$ 15,53.
Os cálculos foram feitos por Cleiton Felipe, diretor da área de impostos da BDO. A simulação considera o desconto de INSS na folha de pagamento, sem incluir descontos por dependentes, e considera a situação mais vantajosa ao trabalhador (assim como será feito no RH das empresas). Foi considerado também o desconto de R$ 528 criado pelo governo nos casos em que ele é mais vantajoso.
O que mudou?
A faixa de isenção subiu de R$ 1.903,98 para R$ 2.112. O valor das outras faixas foi mantido, mas quem ganha acima dos R$ 2.112 só paga Imposto de Renda sobre o valor excedente.
Foi criada uma dedução automática de R$ 528. Isso significa que a pessoa que ganha até R$ 2.640 (R$ 2.112 mais os R$ 528) não pagará nada de Imposto de Renda — nem na fonte, nem na declaração de ajuste anual.
A mudança em nada muda no envio da declaração do Imposto de Renda deste ano. A declaração do IR de 2023 refere-se aos rendimentos recebidos no ano passado. A nova tabela já está, mas só vai ser considerada no cálculo do imposto devido na declaração de ajuste anual do ano que vem.
Veja como era a tabela antiga:
Entenda como funciona o desconto simplificado
O novo desconto de R$ 528 é opcional. A Receita diz que quem tem direito a descontos maiores pela lei, como previdência e dependentes, não será prejudicado.
Para quem ganha R$ 10 mil, por exemplo, não valerá a pena o desconto simplificado de R$ 528, de acordo com a Receita. Isto porque as deduções atuais são maiores do que este valor.
Quem decide se vale a pena usar o desconto ou as deduções legais é a empresa pagadora. Para quem recebe dois salários mínimos (R$ 2.640), o desconto sempre será usado. Quem ganha mais vai depender das outras deduções possíveis, de acordo com Valdir Amorim, coordenador técnico jurídico e tributário da consultoria IOB.
Quem ganha até R$ 2.640 vai deixar de pagar Imposto de Renda. O desconto de R$ 528 é opcional, porque há pessoas que têm descontos maiores, como previdência, dependentes e pensão alimentícia.
Thiago Godoy, educador financeiro da Rico Investimentos
As empresas vão pegar o salário, deduzir os R$ 528 e olhar a faixa da tabela [onde o valor se encaixa]. Depois vão fazer a mesma coisa descontando as deduções legais e comparar. A empresa vai usar a opção mais benéfica ao consumidor.
Valdir Amorim, da IOB
Tabela não era atualizada desde 2015
Esta é a primeira atualização da tabela do IR desde 2015. A isenção era dada para quem recebia até R$ 1.903,98.
A falta de atualização da tabela do Imposto de Renda faz com que a cada ano mais pessoas paguem IR. O desconto é feito diretamente no holerite do trabalhador.
Lula se comprometeu a elevar a faixa de isenção para até R$ 5.000. A correção da tabela do Imposto de Renda é uma de suas principais promessas de campanha, mas ainda não tem data. Segundo Haddad, é preciso avançar nas reformas e nas medidas de controle das contas públicas para aumentar o limite de isenção.
O governo deve deixar de receber R$ 3,2 bilhões em 2023 (de maio a dezembro) e R$ 5,88 bilhões em 2024. Os cálculos são do Ministério da Fazenda.
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