No primeiro dia útil após a vitória do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, o mercado reage de forma previsível, segundo economistas consultados pelo CNN Brasil Business.
Logo pela manhã, o Ibovespa abriu o dia em queda e o dólar em alta, mas, na parte da tarde, reverteu as perdas e registrou queda de mais de 2% da moeda americana.
Conforme a análise de Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, já estava prevista a volatilidade na bolsa nesta segunda-feira (31). Com a vitória do petista, Cruz explica que já esperava uma alta nas ações dos setores de educação, construção e varejo e uma baixa nos ativos das estatais.
De fato, Petrobras PN caía 5,22% e Petrobras ON recuava 4,14%, enquanto Banco do Brasil cedia 3,48%. Ainda assim, as ações já se distanciavam das mínimas, quando Petrobras PN chegou a cair 8% e BB a recuar quase 6%, dada a percepção de que o resultado não desencadeou reações drásticas de entes políticos, trazendo um relativo alívio generalizado no mercado.
No fechamento da bolsa, a PETR4 caiu 8,47% e PETR3, 7,04%. Já BBAS3 teve queda de 4,64%.
“Estamos também em alerta referente à situação dos frigoríficos depois da fala do Lula na qual ele diz que controlaria a exportação de carne”, comenta.
Por volta das 16h00, as ações da JBS registrava queda de 3,72%, a Mafrig recuava 3,45% e a Minerva com uma perda de 0,30%.
Para Carlos Macedo, sócio e especialista em alocação de investimentos da Warren, em função da agenda do governo, ações de consumo discricionário, construção e educação tem maior probabilidade de performarem melhor no curto prazo. “Em função da agenda do governo, ações de consumo discricionário, construção e educação tem maior probabilidade de performarem melhor no curto prazo”, afirma.
Nova equipe econômica
Uma das primeiras mudanças do governo será na quantidade de Ministérios. Hoje existem 23 cargos ministeriais, número que já atingiu 39 com Dilma (PT). Lula já sinalizou que criará 10 ministérios.
De acordo com o estrategista da RB Investimentos, um primeiro passo é desmembrar o Ministério da Economia. Devem voltar a existir Planejamento, Fazenda, e um novo Pequeno e Média Empresa. Seriam criados Ministério para Povos Originários, Igualdade Racial, Direitos Humanos, Mulher, Segurança Pública, Pesca e Cultura.
“Ao longo das próximas semanas, devemos acompanhar uma negociação por alianças partidárias, que garantam sustentação de Lula no Congresso. Partidos de centro devem ter comandos de pastas sendo oferecidas. Isso deverá diminuir a animosidade do Congresso, que elegeu uma oposição bolsonarista relevante. Ao contrário do PSDB nos anos 2000, veremos uma oposição atuante e barulhenta”, aposta.
Macedo mostra que as pesquisas prévias feitas com o mercado indicavam uma expectativa de queda de aproximadamente 3% nas ações e valorização do dólar ao redor de 2% no caso de vitória Lula sem uma crise institucional.
“O mercado abriu bem próximo dessas expectativas e foi melhorando ao longo do dia. A sinalização de Alckmin como possível coordenador da equipe de transição auxiliou como mais uma sinalização de Lula ao centro. Além disso, as especulações sobre o próximo ministro da economia continua”, ressalta o economista da Warren.
Expectativa do Mercado
Após esse primeiro passo, Cruz acredita que o mercado buscará respostas para quais serão as prioridades de 2023. Como comportará o pagamento atual do Auxílio Brasil, se manterá o nível reduzido do PIS/Cofins, a Reforma Tributária, a Reforma Administrativa, Mudança na Tabela do Imposto de Renda, Reajuste real do Salário Mínimo, Incentivo ao Fies, Incentivo ao Minha Casa Minha Vida, PAC, entre outros temas estão sendo levantados em entrevistas.
Outro ponto apresentado é em relação aos investidores estrangeiros. Cruz diz que a atenção também estará no Ministério do Meio Ambiente, que prejudicou muito a imagem do Brasil no exterior.
“Um novo plano de ação, com mais fiscalização, pode ser crucial para o debate atual, no qual o mundo acompanha de perto práticas ESG. Lula terá certa facilidade em apresentar essa narrativa no exterior, observamos líderes de países e parte da mídia inclinada a favor do novo presidente”, explica.
A aposta é que acordo entre Mercosul e União Europeia pode, finalmente, sair do papel. Este marco, que destravará o comércio internacional entre as duas regiões, aumenta a possibilidade de empresas brasileiras acessarem o comprador europeu, o que beneficiará o país no longo prazo. “Devemos ver uma série de encontros com líderes de outros países. No entanto, vale lembrar que na campanha o acordo com a União Europeia foi questionado. Mencionando que gostariam de adicionar medidas protecionistas ao acordo”, conclui Cruz.
Já o relatório da Toro Investimento, o cenário econômico global está repleto de desafios e o risco de uma recessão global é visto com cautela pelo mercado. A pressão inflacionária pelo mundo levou os governos a adotarem mudanças importantes de política monetária e fiscal, antes estimulativas, para medidas contracionistas, aumentando as taxas de juros e controlando os gastos governamentais, buscando segurar a alta dos preços.
“Esses movimentos estão ‘drenando’ parte da liquidez excessiva que circulava pelas economias ao longo dos últimos anos”, posiciona.
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