O dólar comercial iniciou a quarta-feira (24) em leve alta, cotado a R$ 5,285, após encerrar o pregão anterior em R$ 5,274. Apesar da variação modesta, a moeda americana opera em patamar inferior aos R$ 5,36 registrados em semanas anteriores, refletindo a entrada contínua de capital estrangeiro no Brasil.
Segundo Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas, a valorização recente do real é sustentada principalmente pelo diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos. Com a taxa Selic mantida em 15% ao ano, o país segue atrativo para investidores de curto prazo em busca de rendimentos em mercados emergentes.
Outro fator observado pelos analistas é a expectativa de um possível diálogo entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente dos EUA, Donald Trump. A sinalização de uma reaproximação comercial, especialmente em relação às tarifas aplicadas ao Brasil, teve impacto positivo no câmbio ao longo da semana.
No cenário macroeconômico, o Boletim Focus, divulgado na segunda-feira (23), trouxe revisões discretas: a estimativa para o dólar ao fim de 2025 passou de R$ 5,55 para R$ 5,50. Para 2026, a previsão se manteve em R$ 5,60. A projeção para a inflação (IPCA) em 2025 caiu levemente para 4,83%, enquanto o PIB segue estimado em 2,16% neste ano, com recuo para 1,80% em 2026.
No exterior, o dólar vem perdendo força frente a moedas de países emergentes, impulsionado pela expectativa de que o Federal Reserve (Fed) mantenha os juros estáveis ou inicie cortes a partir de 2026. Mesmo assim, o câmbio doméstico segue sensível ao cenário fiscal brasileiro e às incertezas políticas, o que pode gerar volatilidade nos próximos dias.
De acordo com Gusmão, o desempenho do dólar continuará dependente de variáveis como a ata do Copom, prevista para esta semana, além de novos indicadores de inflação e atividade econômica no país. “Esses dados devem reorientar as expectativas do mercado quanto à trajetória da política monetária e à atratividade do Brasil para o capital estrangeiro”, avalia.
Ouro atinge novo recorde e se aproxima de US$ 3.800/oz com dólar fraco e demanda institucional
Enquanto o real se fortalece no câmbio, o ouro renovou sua máxima histórica nesta quarta-feira (24), negociado a US$ 3.776,29 por onça-troy, após ter atingido picos de até US$ 3.790,82 nos últimos dias.
De acordo com Mauriciano Cavalcante, diretor de ouro da Ourominas, o movimento de alta é sustentado por múltiplos fatores: a expectativa de cortes de juros nos Estados Unidos, a desvalorização do dólar e uma demanda institucional robusta, liderada por bancos centrais ao redor do mundo.
“O mercado observa atentamente as declarações de Jerome Powell, presidente do Fed, e os dados de inflação dos EUA — especialmente o índice PCE, que é a métrica preferida do banco central americano”, explica Cavalcante.
Segundo ele, o mercado já precifica com alta probabilidade os cortes nas taxas básicas de juros a partir de outubro e dezembro, o que alimenta a busca por ativos de proteção como o ouro. ETFs atrelados ao metal também têm registrado fluxos crescentes.
As projeções indicam que o ouro poderá se manter acima de US$ 3.700/oz até o fim de 2025, embora analistas alertem para possíveis correções no médio prazo. Entre os principais riscos estão uma valorização mais forte do dólar — impulsionada por dados econômicos positivos nos EUA — e eventuais choques geopolíticos ou fiscais que alterem a percepção de risco global.
Sobre os analistas
Elson Gusmão é diretor de Operações da Ourominas, instituição financeira especializada em câmbio e ouro. Formado em Gestão Financeira, atua há mais de oito anos no setor, com foco em análises de mercado e cotação de moedas.
Mauriciano Cavalcante é economista e diretor de ouro da Ourominas. Bacharel em Negócios Internacionais e Comércio Exterior, comenta tendências do mercado nacional e internacional, com foco na cotação de ouro e suas correlações econômicas.

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