O lançamento do mecanismo de financiamento “Amazônia Viva”, uma iniciativa colaborativa entre a Natura, a VERT Securitizadora e o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO), marca um impulso significativo para a bioeconomia na Amazônia. Esta estratégia inovadora, que combina financiamento híbrido, já está em pleno funcionamento, beneficiando 10 cooperativas e associações agroextrativistas na região.
Com um investimento inicial de R$ 12 milhões, metade proveniente de certificados de recebíveis do agronegócio (CRA) e a outra metade de um fundo filantrópico, o projeto está gerando impacto positivo nas vidas de mais de 1.800 famílias locais.
Angela Pinhati, diretora de Sustentabilidade da Natura &Co América Latina, destaca a importância dos sistemas de financiamento na promoção dos negócios e cadeias produtivas da sociobiodiversidade amazônica. Esses mecanismos facilitam o acesso das cooperativas e associações agroextrativistas ao lucrativo mercado global de ativos florestais, estimado em US$ 175 bilhões, promovendo assim o desenvolvimento econômico sustentável na região e proporcionando mais prosperidade às comunidades locais.
“Felizmente, a bioeconomia da sociobiodiversidade vem ganhando cada vez mais espaço e isso se torna ainda mais relevante quando reconhecemos a vocação do Brasil para esse modelo e seu enorme potencial para ser líder global nessa economia que prioriza a vida, a natureza e as pessoas, gerando prosperidade. Porém, um dos nossos maiores desafios atuais é escalar e ampliar a agregação de valor para essas inúmeras e pequenas cadeias, que estão baseadas na diversidade socioambiental, características diferenciais destas cadeias amazônicas”, explica Angela.
Desenvolvimento econômico
Prevê-se que o “Amazônia Viva” catalise o desenvolvimento econômico de 16 territórios nos próximos anos, impulsionando a produção de mais de 40 cooperativas e associações agroextrativistas e beneficiando mais de 10 mil famílias na região. Este aumento de recursos tem como objetivo principal elevar o faturamento dessas entidades e melhorar a renda das pessoas envolvidas, ao mesmo tempo em que contribui para a conservação e regeneração de 3 milhões de hectares de floresta, alinhado com a Visão 2030 da Natura &Co América Latina.
Para replicar e expandir este modelo, é crucial fortalecer todo o ecossistema envolvido, conforme enfatiza a executiva. ”O mecanismo de blended finance é um modelo inovador para fortalecer organizações, negócios e cadeias da sociobiodiversidade amazônica porque promove um modelo de desenvolvimento na Amazônia que alia conservação, geração de renda e valorização do conhecimento tradicional das populações locais, os verdadeiros guardiões da floresta em pé”, acrescenta.
“Mecanismos de blended finance como o Amazônia Viva têm o potencial de destravar recursos e proporcionar o acesso de produtores locais ao mercado global de produtos florestais, estimado em USD 175 bilhões. Gerar riqueza para essa população é tornar tangível o que são hoje apenas estimativas sobre o valor potencial dos recursos ecológicos da Amazônia”, declara Manoel Serrão, Superintendente de Programas do FUNBIO.
“O mecanismo foi uma inovação financeira a muitas mãos, com muita dedicação. A forma como foi pensado empodera as cooperativas na Amazônia, para que tenham acesso a novas linhas e se tornem cada vez mais competitivas e sustentáveis. Sabemos que é só o começo e esperamos que o mecanismo sirva de inspiração para o mercado”, completa a co-fundadora da Vert, Martha de Sá.
Funcionamento
O “Amazônia Viva” opera por meio de dois principais instrumentos, ambos sob uma rigorosa governança. O primeiro é o certificado de recebíveis do agronegócio (CRA), gerenciado pela VERT, que oferece financiamento antecipado às cooperativas e associações agroextrativistas. Este recurso pode ser utilizado como capital de giro, aumentando a eficiência das operações e impulsionando a produtividade.
O segundo instrumento é o Enabling Conditions Facility (ECF), um fundo filantrópico gerido pelo FUNBIO. O ECF investirá em iniciativas que fortaleçam os aspectos operacionais e institucionais das cadeias da sociobiodiversidade, além de promover programas socioambientais para resolver desafios estruturais nos territórios, com foco especial em jovens e mulheres. O FUNBIO supervisionará as diretrizes do ECF, bem como a coordenação e o acompanhamento dos projetos apoiados.
Os primeiros desembolsos do CRA da fase inicial do “Amazônia Viva” foram destinados a 10 cooperativas e associações fornecedoras de insumos da sociobiodiversidade para a Natura. Simultaneamente, os primeiros investimentos do ECF estão sendo utilizados para fortalecer a gestão financeira das associações e cooperativas beneficiadas pelo crédito.
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