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Magda Chambriard diz que preços de combustíveis seguirão “abrasileirados”

Em coletiva de imprensa, nova presidente da Petrobras disse que não é justo "contaminar" preços da companhia com as volatilidades do mercado internacional
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Rafael Pereira / Agência Petrobras

A nova presidente-executiva da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou nesta segunda-feira (27) que a política de preços de combustíveis da estatal seguirá “abrasileirada” em sua gestão, em linha com os procedimentos implantados na administração anterior, em 2023.

Em sua primeira entrevista a jornalistas, Chambriard disse que não é justo “contaminar” os preços da companhia com as volatilidades do mercado internacional.

Na gestão anterior, de Jean Paul Prates, a companhia passou a adotar uma política de maiores intervalos de reajustes, buscando ter o preço mais competitivo para seus clientes, mas isso gerou comentários no mercado de que os lucros no segmento poderiam ter sido maiores.

Neste ano, a empresa ainda não alterou os preços da gasolina e do diesel.

A executiva, que tomou posse na sexta-feira passada, lembrou que a Petrobras é uma empresa de economia mista, que será “perfeitamente” capaz de dar retorno a acionistas privados ou à União, que é a controladora.

Ao ser questionada sobre a remuneração ao acionista, Chambriard disse que trabalhará para isso.

“Se tem lucro, vai ter lucro, vamos ter dividendos; queremos ter lucro, queremos ter dividendos”, afirmou.

Ela evitou fazer comentários sobre a distribuição de metade dos dividendos extraordinários do exercício de 2023 que ficaram retidos em uma reserva da companhia. A expectativa é de que eles sejam distribuídos em algum momento em 2024.

Para ela, a produção de petróleo e gás no pré-sal e a exploração de novas fronteiras petrolíferas como a Margem Equatorial são garantias de segurança energética do país, enquanto se busca uma transição para combustíveis menos poluentes.

Chambriard destacou que o Brasil tem ainda a Bacia de Pelotas para ser desenvolvida, onde há também questões ambientais a serem resolvidas, como na Margem Equatorial e na região da Foz do Amazonas, principalmente.

Contudo, a executiva afirmou que vai buscar trabalhar para que a empresa reponha suas reservas de petróleo e gás.

Na área de refino, Chambriard não descartou que a Petrobras venha a recomprar a refinaria de Mataripe, privatizada na gestão de Jair Bolsonaro, “se for um bom negócio”.

A Petrobras já vem estudando o ativo desde a gestão de Prates, assim como discute uma parceria em biorrefino com o fundo Mubadala, dono da refinaria baiana.

Perguntada sobre eventuais trocas na diretoria da empresa, Chambriard afirmou que ainda está conhecendo os diretores da Petrobras, mas acrescentou que, se houver mudanças, “será apenas um ajuste de perfil”.

Apoio à indústria de fertilizante

A presidente também defendeu apoio à indústria de fertilizantes ao afirmar que a Petrobras precisa ajudar a desenvolver esse segmento no país.

“Está no nosso planejamento estratégico a questão dos fertilizantes. O Brasil importa 80% dos fertilizantes que utiliza, e uma grande parte são fertilizantes nitrogenados. A Petrobras vende petróleo e gás. Então, se ela tem um produto gás, faz sentido ser vendido para fertilizantes”, afirmou.

Chambriard afirmou que, se Petrobras tiver que baixar um pouco o preço do gás para ganhar mercado, “está valendo”, desde que a operação seja lucrativa também.

Ela reforçou que a venda de gás para indústria de fertilizantes nacional “não será a qualquer preço”.

Tanto o desenvolvimento da industria de fertilizantes no país, grande produtor de alimentos, como o reforço da indústria naval, importante geradora de empregos, estão entre as preocupações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que precisam ser atendidas pela Petrobras, segundo pessoas do governo.

Um acordo da Petrobras com a Unigel para a retomada da operação de duas unidades de fertilizantes nitrogenados enfrentou barreiras do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

A nova CEO da estatal acrescentou que será preciso explicar aos órgãos de controle que o apoio à produção de fertilizantes pode, ainda assim, ser lucrativo, atendendo ainda uma prioridade nacional, já que o Brasil importa grande parte de suas necessidades de adubos.

Para Chambriard, não pode haver regras de compliance que gerem “um imobilismo” da companhia.

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