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Política

Lira e centrão ficam fortalecidos com PEC da transição articulada por equipe de Lula

Petistas elencam projetos do presidente da Câmara cuja tramitação poderiam apoiar
Adriano Machado /Reuters

A articulação para aprovar a PEC da transição no Congresso ainda neste ano deu ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), poder de barganha junto ao novo governo eleito.

A votação da PEC (proposta de emenda à Constituição) até meados de dezembro é considerada fundamental para o primeiro ano da gestão Lula —e Lira tem forte influência sobre o ritmo de análise da proposta.

Na quinta-feira (3), interlocutores do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, indicaram a Lira que o PT não pretende disputar o comando da Casa.

Em paralelo, petistas elaboram uma lista de projetos que podem ser do interesse de Lira em troca de uma tramitação rápida da PEC da transição.

Da mesma forma, integrantes da cúpula do PT passaram a rechaçar a ideia de acabar com as emendas de relator no momento para evitar ruídos desnecessários com o atual presidente da Câmara. Esse tipo de emenda já foi criticado por Lula, mas é um dos pilares da influência de Lira sobre os demais parlamentares.

Aliados de Lula tiveram um encontro com Lira na manhã de quinta. Na ocasião, ele disse, segundo relatos, que não aprovará nenhuma pauta bomba e buscará auxiliar o PT nas propostas elencadas como prioritárias.

Lira se alinhou ao bolsonarismo para assumir a presidência da Câmara no ano passado. Ele abraçou pautas de interesse do presidente Jair Bolsonaro (PL) e vestiu a camisa da campanha à reeleição do atual mandatário.

O interesse da equipe de Lula é costurar acordos imediatos para que o governo eleito consiga aprovar uma PEC com o objetivo de garantir o dinheiro para as promessas de campanha do petista, como a manutenção do benefício mínimo de R$ 600 para o Auxílio Brasil —que deve voltar a se chamar Bolsa Família— e o aumento real (acima da inflação) para o salário mínimo.

Uma PEC, para ser aprovada, precisa passar por duas votações tanto na Câmara como no Senado, com o apoio de ao menos três quintos dos parlamentares.

A necessidade de uma votação rápida foi um dos temas destacados por auxiliares de Lula na quinta, nas reuniões em que o coordenador da transição, o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), teve em Brasília.

“O auxílio tem que ser aprovado este mês, porque a folha de pagamentos de janeiro é rodada em dezembro. Senão você deixa 20 milhões de pessoas sem renda”, afirmou o ex-ministro Aloizio Mercadante, coordenador técnico da equipe de transição.

Integrantes do PT dizem que vão negociar com Lira e partidos do centrão uma lista de projetos que alinhe interesses de ambos os lados. Isso significa que, em troca da aprovação acelerada da PEC, a base política de Lula também deve desobstruir o caminho para pautas essenciais para o grupo que deu sustentação a Bolsonaro no Congresso.

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