O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) concedeu entrevista ao programa Fórum Café desta segunda-feira (3). Durante a conversa com Mauro Lopes, o parlamentar celebrou a recente decisão da Comissão de Anistia, que o indenizou pelos crimes de estado cometidos durante a ditadura militar, além de comentar recentes decisões do governo Lula, como o arcabouço fiscal do novo governo.
Na última quinta-feira (30), a Comissão de Anistia, atualmente vinculada ao Ministério dos Direitos Humanos (MDH), decidiu conceder um pedido de desculpas oficial do estado brasileiro e uma indenização para o parlamentar psolista, que foi preso e torturado pelos militares durante a ditadura nos anos 1970.
“O Brasil voltou! Ao invés de ter uma Damares no Ministério dos Direitos Humanos, você tem um Sílvio Almeida. Justiça, memória e verdade voltaram”, disse o deputado.
Ele afirma que o processo foi freado durante as gestões Temer e Bolsonaro. “A comissão de anistia do Bolsonaro formada por defensores da tortura e torturadores era um tribunal de exceção comandado pela Damares Alves. O que eles fizeram foi uma farsa”, explicitou.
Ivan detalhou um pouco da tortura durante o período da ditadura. “Nós ficamos 10 dias incomunicáveis. Passamos pelo instrumento da cadeira do dragão; Não é só pancadaria. Eles amarram o sujeito em uma carreira de barbeiro com fios elétricos, choque, asfixia, ponta pés no peito e choques em regiões sensíveis do corpo, como nos dentes, ouvidos e genitais”, disse.
“A tortura foi um instrumento político. Isso era um fenômeno que veio de fora”, afirma. Mas, para o parlamentar, essa é uma ferida aberta no Brasil. “Os torturadores, aqueles do Riocentro, saíram vivos e foram promovidos. Essa turma toda do governo Bolsonaro, vem de lá. Eles já eram golpistas”, disse.
“O que pesa é o seguinte: aqui no Brasil não se puniu ditadores nem torturadores como se fez na Argentina e no Chile. Aqui os nossos generais continuam conspirando e estavam conspirando no dia 8 de janeiro. Para que nunca mais se esqueça: tortura nunca mais e ditadura nunca mais”, disse.
Novo governo Lula
Ivan apoiou o governo Lula durante campanha e está em um pólo mais à esquerda dentro do congresso. Ele avalia que é necessário combater o BC e a hegemonia da mídia sobre o tema.
“Nós estamos vivendo um momento de correlação de forças e de um trilho imposto pelo capital financeiro e uma lógica de discussão estreita e limitada. Eu quero começar pela questão do Banco Central. 80% da população dá razão ao Lula na questão do juros. Mas os meios de comunicação, você vê que 100% está contra o Lula. É a lógica da hegemonia do capital financeiro”, disse.
O parlamentar também defende um arcabouço mais amplo: “Vamos fazer justiça fiscal. A reforma é neutra”, disse Ivan, que defende uma revisão do novo arcabouço fiscal.
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