As antenas do sistema SMSat estão à disposição dos TREs para utilização em localidades de cerca de 350 municípios em 16 estados.
Da redação
Num país de dimensões continentais como o Brasil, o sucesso das eleições informatizadas com apuração em tempo recorde exige investimentos em tecnologia para que os votos de eleitores de localidades remotas, como aldeias indígenas, comunidades ribeirinhas e quilombolas, possam chegar aos Tribunais Regionais Eleitorais sem atraso. O curioso é que os votos dessas regiões têm chegado às capitais mais rapidamente do que os colhidos em zonas urbanas.
A explicação para isso é o investimento em tecnologia. Por meio de um equipamento portátil de não mais de dois quilos, que funciona à bateria, técnicos da Justiça Eleitoral de estados como Amazonas, Pará e Tocantins, por exemplo, se deslocam para as localidades mais remotas do país e de lá enviam os votos para as sedes dos respectivos TREs. A Justiça Eleitoral dispõe de 1.262 antenas de satélite, fáceis de serem utilizadas. As antenas emitem um sinal sonoro (bip) que, à medida que são movimentadas, passam de intermitentes a contínuos. Quando o bip torna-se contínuo, é sinal de que a antena está perfeitamente alinhada com o satélite.
Com os meios de transmissão de dados localizados nas próprias seções eleitorais, o resultado é o envio dos votos de maneira quase instantânea, em procedimentos que giram em torno de três minutos. Antes da utilização do sistema SMSat, a Justiça Eleitoral demorava mais de 48 horas para totalizar uma eleição. Com a utilização desse serviço, a Justiça Eleitoral passou a publicar o resultado das eleições no mesmo dia do pleito. De acordo com o coordenador de Infraestrutura de Tecnologia de Informação do TSE, Cristiano Andrade, as antenas de satélite têm conexão a microcomputadores através de cabo e telefone, sendo utilizadas também para que os técnicos da Justiça Eleitoral se comuniquem com as bases ao longo, por exemplo, de travessias de barco que, em alguns casos, podem levar de dois a três dias.
A segurança neste tipo de transmissão é assegurada por mecanismos de criptografia e assinatura digital para que não exista qualquer possibilidade de modificação de dados. Após a transmissão, os dados são conferidos com os boletins de urnas que são impressos antes da transmissão. As antenas de satélite estão à disposição dos TREs para utilização em localidades de cerca de 350 municípios em 16 estados: Acre, Amazonas, Amapá, Bahia, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rondônia, Roraima e Tocantins.
Conforme explica Cristiano Andrade, cabe aos Tribunais Regionais Eleitorais solicitar o envio das antenas de acordo com a necessidade do estado. Há localidades remotas por natureza, mas há locais que se tornam remotos em razões de fenômenos naturais, como fortes chuvas e inundações que destroem estradas ou o inverso, quando secas prolongadas impedem a navegabilidade de rios. O uso de antenas de satélite foi iniciado nas eleições de 2002 e, desde então, a evolução dessa tecnologia tem permitido à Justiça Eleitoral encurtar cada vez mais o tempo de transmissão dos votos de eleitores de localidades remotas. As antenas diminuíram de tamanho, tornaram-se mais leves, a autonomia de suas baterias aumentou e elas estão cada dia mais velozes. “Isso faz com que os votos das pessoas que normalmente vivem à margem dos grandes centros cheguem aos TREs antes dos votos de eleitores que moram em grandes cidades”, afirma Cristiano Andrade.
VP/RR
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