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Intervenções na Amazônia podem gerar epidemias, diz historiador da Fiocruz

Manaus/AM - Uma pandemia como a atual de Covid-19 pode se repetir a partir da Amazônia, por conta de uma intervenção desenfreada na região, onde pesquisas já detectaram dez vírus diferentes em um único animal.

Manaus/AM – Uma pandemia como a atual de Covid-19 pode se repetir a partir da Amazônia, por conta de uma intervenção desenfreada na região, onde pesquisas já detectaram dez vírus diferentes em um único animal.

O alerta contra os riscos do desmatamento na região foi dado no artigo denominado Uma floresta cheia de vírus! Ciência e desenvolvimento nas fronteiras amazônicas pulicado na Revista Brasileira de História, de autoria do historiador Rômulo de Paula Andrade, pesquisador da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz).

No artigo, o pesquisador traça um panorama das relações entre saúde, política e meio ambiente na Amazônia nos anos 1960, quando o vírus causador da febre Oropouche foi encontrado em amostras de sangue extraídas de mosquitos e de um bicho-preguiça, capturados às margens da rodovia Belém-Brasília.

“De lá para cá, a enfermidade cruzou as fronteiras dos vilarejos na Amazônia e se espraiou em áreas urbanas, para além da região. Desde 2016, o vírus foi isolado em animais no Rio Grande do Sul, Minas e Bahia, e a arbovirose, transmitida pelo mosquito-pólvora, popular maruim ou borrachudo, já foi diagnosticada em pacientes no Nordeste”, citou Rômulo.

De acordo com ele, as cerca de 500 mil notificações oficiais da febre de Oropouche parece irrelevante aos olhos da pandemia de Sars- Cov, Covid-19, mas a síndrome viral descoberta às margens da Belém-Brasília no passado pode ser importante elo no fio que nos conduz até à crise sanitária mundial que hoje enfrentamos, pontua o historiador.

Rômulo lembra que à medida que a Amazônia for sendo desmatada e se intensifique a atividade humana onde agentes não humanos predominam, é mais do que natural que novos vírus e novas doenças surjam.

“Por isso que uma das possíveis consequências de desmatamento, de projetos de desenvolvimento mal feitos na região amazônica é o surgimento dessas doenças. Quem sabe aqui no Brasil não pode surgir um vírus como o Sars-Cov-2?”, observa o historiador.

Rômulo consultou o arquivo da Fundação Rockefeller, dos Estados Unidos, e da leitura de pesquisas sobre história da virologia e do desenvolvimento da Amazônia para analisar os impactos sanitários de intervenções estatais e instituições científicas durante a chamada Era do Desenvolvimento, nos anos 1950 e 1960.

Segundo ele, projetos que se seguiram na região causaram impactos muito mais graves, testemunhados a partir da construção da rodovia Transamazônica, na década de 1970, e das hidrelétricas, em especial, Belo Monte.

“Quando se interfere no ecossistema, com projetos de desenvolvimento faraônicos, como Belo Monte, ou desmatamento ilegal, sabemos quais consequências esperar”, alerta Rômulo, citando o genocídio de povos indígenas na construção da Belém-Brasília e a infestação de malária durante a abertura da Transamazônica.

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