Gunther Rudzit
O anúncio sobre a aceitação da entrada de Finlândia e Suécia na OTAN por parte do presidente turco Recep Tayyip Erdogan pegou praticamente todos os analistas de surpresa. Havia a percepção de que o presidente do executivotentaria manter o tema em suspenso até o próximo ano, quando disputará a reeleição, e usaria o assunto como assunto de campanha na linha nacionalista que segue.
Assim, a organização sai mais fortalecida deste encontro, não só por ter uma nova diretriz estratégica, como mostrar unidade, e contar dois novos membros importantes. Isto porque, apesar de neutros, Finlândia e Suécia sempre investiram na modernização de suas forças armadas, e mantiveram nos últimos anos, extensos e profundos laços com a OTAN.
O resultado disto é uma mudança no quadro estratégico convencional na Europa. Primeiro pela adição conjuntamente de 203 caças, 1041 peças de artilharia, 853 tanques e 248 mil reservistas. Este é um conjunto de capacidades que a Rússia não tem como responder rapidamente. Ou até mesmo no médio prazo.
Estas capacidades estão no flanco norte russo, ou seja, a aproximadamente 240km de São Petersburgo, e do Distrito Militar Norte. Este por concentrar a Frota Norte baseada na cidade de Musrmansk, e toda a atividade militar russa no Ártico.
Por fim, do ponto de vista da OTAN, a defesa das três repúblicas bálticas ficará mais fortalecida. Isto se dará não só pela adição das capacidades destes dois novos membros, mas também pelo, já anunciado, aumento de 40 mil para 300 mil soldados em estado de prontidão de combate.
Diante das perdas e perspectivas de uma guerra que demorará para acabar, a Rússia dificilmente conseguirá rapidamente se adequar a este novo quadro.
Gunther Rudzit é professor de Relações Internacionais da ESPM, especialista em segurança nacional e internacional. Foi assessor do Ministro da Defesa.
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