Notícia de Manaus – A região próxima a Manaus enfrenta uma crise ambiental alarmante, com mais de 2.300 queimadas registradas desde o início do período seco. Apesar disso, apenas doze multas foram aplicadas, sendo sete pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e cinco pelo Ipaam (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas).
A análise, conduzida pela Folha com base em dados públicos desses órgãos, revela uma situação preocupante. Os autos de infração estão relacionados a desmatamentos ilegais, associados aos incêndios criminosos que assolam a Amazônia.
A cidade de Manaus enfrenta uma onda persistente de fumaça, proveniente das queimadas nas cidades vizinhas. Setembro, outubro e novembro foram marcados por dias irrespiráveis, intensificados pela extrema seca de 2023, que resultou nas piores baixas dos rios amazônicos, incluindo o rio Negro.
A situação atingiu um ápice neste mês, com seis dias consecutivos de fumaça entre 1º e 6 de novembro, colocando a qualidade do ar entre as piores do mundo. A superintendência do Ibama no Amazonas e o governo estadual atribuíram a fumaça a queimadas nas regiões próximas, incluindo o oeste do Pará, apesar da falta de confirmação por parte deste último.
Autazes, entre as cidades mais afetadas, registrou 823 focos de calor na floresta amazônica de julho a novembro, segundo dados de satélite do Inpe. Surpreendentemente, nenhum auto de infração foi lavrado pelo Ipaam durante a seca, conforme uma planilha atualizada até setembro de 2023.
O Ibama, por sua vez, multou dois produtores rurais em Autazes por desmatamento ilegal em agosto, embargando as áreas afetadas. A atuação do órgão ambiental do governo do Amazonas nas áreas afetadas foi mínima, com apenas cinco multas por desmatamento ilegal em três cidades.
O superintendente do Ibama no Amazonas, Joel Araújo, assegurou que “não haverá anistia para o crime ambiental de desmatamento e queimadas” e prometeu intensificar as ações nos próximos anos. O Ibama ressaltou sua prioridade no combate ao desmatamento no sul do Amazonas, justificado por limitações orçamentárias e contingente reduzido de agentes ambientais.
Os órgãos ambientais enfrentam dificuldades para identificar os responsáveis pelas queimadas. O Greenpeace relatou ter enviado um relatório ao Ibama em outubro, apontando focos de calor em uma propriedade rural em Autazes. A área, de responsabilidade de Elmar Tupinambá, supostamente sobreposição a uma região de floresta pública não destinada, resultou em queimadas em setembro e outubro. A reportagem não conseguiu localizar Tupinambá.
A crise ambiental persiste, e a pressão sobre as autoridades para uma ação efetiva aumenta à medida que a população de Manaus sofre os impactos da fumaça recorde.
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