O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), defendeu a autorização de pesquisas científicas da Petrobras visando a eventual exploração de petróleo e gás na foz do Rio Amazonas, dentro do território do Pará. Segundo ele, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, deve intermediar esse debate entre os órgãos ambientais, Ministério Público e setor privado, “sem ideologia”.
“Cercear o Brasil de pesquisar seus ativos, seja no campo ambiental ou em outra atividade, é um retrocesso, por isso defendo que o Ibama autorize que a Petrobras pesquise a região para depois analisar os critérios científicos e ideológicos que possam eventualmente definir uma política pública em relação ao tema”, afirmou Barbalho, durante participação no Seminário Brasil Hoje, promovido pela Esfera Brasil, na segunda-feira, 15.
“A França explora petróleo nessa região há dez anos e eu sequer posso autorizar uma pesquisa?”, questionou o governador, citando a exploração francesa na Guiana.
A proposta é controversa e enfrenta forte resistência da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e de várias organizações ambientais. No mês passado, cerca de 80 representantes de entidades ligadas à sociedade civil, incluindo WWF-Brasil e Greenpeace, enviaram um documento para órgãos do governo pedindo que não seja autorizada licença de extração de petróleo e gás na região.
A foz do Amazonas integra a Margem Equatorial, uma ampla área que se estende do Amapá até o Rio Grande do Norte, na qual a Petrobras tem planos de investimento.
O governador do Pará afirmou ter conversado com o presidente Lula sobre o tema. “O presidente da República está comprometido em mediar sob a ótica da Petrobras e do Ministério das Minas e Energia e também do órgão licenciador, o Ibama, e do Ministério do Meio Ambiente”, afirmou, ressaltando que essa intermediação é função do líder do Poder Executivo. “Ele não deve tomar decisão sem levar em consideração as partes envolvidas.”
Amazônia sustentável
Barbalho passou boa parte de sua participação no painel, no qual discutiu a importância de defender o desenvolvimento sustentável na Amazônia com o vice-presidente da Vale, Alexandre D’Ambrosio, citando iniciativas verdes de seu governo, incluindo a redução do desmatamento e o aumento da fiscalização.
Embora, em tese, possa ser contraditório dizer que o Brasil pode avançar na exploração de combustíveis fósseis no momento em que se discute energias renováveis, Barbalho afirmou que o Brasil não vai abrir mão disso pelas próximas décadas.
“Talvez seja uma discussão que possamos fazer daqui a 50 anos de que o Brasil tem condição de abrir mão de uma oportunidade de exploração sustentável de combustível fóssil. Mas, neste momento, entendo que é uma discussão que deve ser aprofundada”, ressaltou o governador do Pará.
E Barbalho complementa: “Sob a ótica econômica, ter nova alternativa na nossa região é importante, mas não podemos ter a visão meramente econômica, precisamos ver também a questão ambiental, por isso defendo fazer a pesquisa e depois avaliarmos se vale a pena”.
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