A eleição da OAB-AM para a escolha do novo desembargador do Amazonas, pelo Quinto Constitucional, deixou de ser um rito institucional previsível para se transformar em uma disputa marcada por manobras, articulações de bastidores e uma palavra de ordem clara: ganhar tempo.
Previsto para esta sexta-feira, 19, o processo que definirá a vaga deixada pelo desembargador Domingos Chalub ocorre em meio a um ambiente de tensão dentro da advocacia. Nos corredores do poder, já circula com força o nome de um candidato tido como favorito, respaldado por articulação política e jurídica suficiente para atravessar as etapas seguintes — da lista sêxtupla à tríplice — até chegar às mãos do governador Wilson Lima (União Brasil).
Há quem sustente, inclusive, que a decisão política já estaria praticamente tomada. A leitura dominante é que, uma vez formada a lista tríplice pelo Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), o governador apenas formalizaria uma escolha previamente amadurecida. Esse cenário, naturalmente, deixou insatisfeitos os grupos que se veem fora do jogo principal.
Diante da perspectiva de derrota, parte da advocacia passou a apostar em estratégias para atrasar o processo. O objetivo seria empurrar a definição para o próximo ano, quando o comando do Executivo estadual poderá estar nas mãos do vice-governador Tadeu Souza (Avante), em razão da provável saída de Wilson Lima para disputar uma vaga no Senado.
O que deveria ser um debate técnico e representativo da classe acabou contaminado por cálculos políticos e disputas de poder. Ao tentar “ganhar tempo”, esses grupos escancaram que, mais do que o mérito jurídico dos candidatos, o fator decisivo tem sido o calendário político e quem estará sentado na cadeira de governador no momento da escolha final.
Resta saber se a estratégia de postergação prevalecerá ou se a eleição seguirá seu curso natural. Em qualquer dos cenários, o episódio deixa claro que, no Amazonas, o Quinto Constitucional está longe de ser apenas uma escolha da advocacia — tornou-se mais um capítulo da política de bastidores.
Cancelado
O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) decidiu, no fim da tarde desta terça-feira (15), suspender a consulta direta à advocacia do Amazonas destinada à formação da lista sêxtupla para o preenchimento de uma vaga do Quinto Constitucional no Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM).
A eleição estava prevista para ocorrer no próximo dia 19 de dezembro.
A decisão foi tomada no âmbito da medida cautelar nº 49.0000.2025.013353-1/COP, relatada pelo conselheiro federal Jairo de Oliveira Souza, em Brasília.









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