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Estudantes do Amazonas são premiados por valorizar saberes indígenas e sustentabilidade na educação

O projeto do Amazonas será um dos representantes brasileiros na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30)
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No coração da Amazônia, estudantes do Instituto de Educação do Amazonas, em Manaus, estão entre os vencedores do Prêmio Criativos da Escola + Natureza, promovido pelo Instituto Alana, em celebração ao Dia Mundial do Meio Ambiente, neste 5 de junho. O projeto manauara destacou-se entre mais de 1,6 mil inscritos de 738 municípios de todo o Brasil por propor uma conexão profunda entre os saberes tradicionais dos povos indígenas e o currículo escolar.

Intitulado “O diálogo com a natureza: Povos indígenas da Amazônia e a sustentabilidade”, o projeto nasceu a partir de uma visita ao Centro de Medicina Indígena Bahserikowi, onde os alunos ouviram uma fala marcante de um representante do povo Tukano: “Vocês, com o conhecimento de vocês, podem nos ajudar. E a gente, com o nosso conhecimento, podemos ajudar vocês.”

Essa troca simbólica transformou-se em ação concreta: os estudantes começaram a valorizar os conhecimentos ancestrais e a reconhecer a diversidade cultural presente dentro da própria escola. “Foi só depois desse processo que descobri que alguns dos meus alunos eram indígenas. Uma mãe havia pedido à filha que não contasse, com medo de preconceito”, relembra emocionada a professora Márcia Gomes, responsável pelo projeto.

A partir dessa redescoberta, os jovens passaram a afirmar com orgulho sua identidade indígena, trazendo para o ambiente escolar saberes relacionados ao cuidado com a floresta, ao uso sustentável dos recursos naturais e à preservação da biodiversidade.

O projeto do Amazonas será um dos representantes brasileiros na jornada formativa que culminará em uma viagem a Belém (PA), onde os estudantes participarão da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em novembro. Além disso, o grupo receberá um incentivo financeiro de R$ 12 mil, sendo R$ 10 mil destinados aos estudantes e R$ 2 mil ao educador responsável.

“Esses jovens de Manaus estão mostrando que o conhecimento que sustenta a floresta também pode e deve sustentar o futuro da educação”, destacou Ana Cláudia Leite, especialista do Instituto Alana. “O projeto une escola e comunidade, ciência e tradição, e dá voz a quem muitas vezes não é ouvido: nossas crianças e adolescentes amazônidas.”

Além do Amazonas, outros cinco projetos foram premiados, cada um representando um dos principais biomas brasileiros: Cerrado, Caatinga, Pantanal, Mata Atlântica e Pampa. As propostas variaram desde a criação de filtros sustentáveis com resíduos naturais no sertão pernambucano até peças teatrais sobre queimadas no Pantanal.

Mas, segundo Márcia Gomes, o diferencial do projeto amazonense é o poder transformador da escuta. “Quando os alunos começaram a dizer com orgulho: ‘eu sou indígena’, vi que não era só um projeto. Era uma cura, uma reconexão, um novo futuro que eles estavam ajudando a construir.”

Em uma região marcada pela rica diversidade cultural e ambiental, iniciativas como essa mostram que a educação na Amazônia tem o poder de florescer de dentro para fora — do território, da ancestralidade e da voz dos seus próprios jovens.

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