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Entre aliados perdidos e rivais bolsonaristas, o impasse de Wilson Lima

Isolamento político e a disputa interna da direita, o governador do Amazonas precisa decidir se entra no jogo — ou sai de cena.
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Imagem: Reprodução - 23.abr.2019/Facebook/WilsonLimaAM

“O homem que foi fenômeno das urnas pode ser o primeiro governador a encerrar o mandato sem disputar o Senado.”

O governador Wilson Lima (União Brasil) vive um momento de encruzilhada política. Após duas vitórias consecutivas nas urnas e um histórico de popularidade inédito entre os chefes do Executivo amazonense, o governador enfrenta agora o risco de assistir, de fora, à disputa pela vaga ao Senado Federal em 2026, ou até perder a disputa ao cargo majoritário.

Mesmo dono de um capital eleitoral expressivo, Wilson se vê politicamente isolado. Sua base na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) praticamente desmoronou: mais de 75% dos deputados estaduais já se articulam com grupos que projetam um novo comando político no Estado. O governador, que um dia representou a novidade, hoje luta para se manter relevante num tabuleiro que mudou rápido demais.

O impasse da direita

O campo da direita no Amazonas virou um mosaico de divisões. Wilson tentou se aproximar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas não conquistou a confiança plena do bolsonarismo. O grupo, fragmentado e desconfiado, tem repetido o padrão de desunião que já custou derrotas importantes — como a de Alberto Neto na eleição municipal de Manaus, em 2024, e a própria derrota de Bolsonaro em 2022.

Pesquisas recentes indicam que uma das duas cadeiras ao Senado deve ficar com o emedebista Eduardo Braga, que mantém forte estrutura partidária no interior. A segunda vaga, que deve ser disputada pela direita, concentra os principais embates.

O deputado federal Capitão Alberto Neto (PL) lidera entre os conservadores e é visto como o nome mais competitivo do campo bolsonarista. Já o vereador Sargento Salazar (Republicanos) tem mostrado fôlego e popularidade suficientes para escolher o rumo: disputar uma vaga na Assembleia Legislativa ou tentar voo direto para Brasília.

O atual senador Plínio Valério (PSDB), por sua vez, aposta na fidelidade de seu eleitorado. Ele chegou ao Senado em 2018 com 834,8 mil votos (25,36%), resultado que surpreendeu até aliados. Agora, busca repetir a façanha.

Um governador sem palanque

A grande questão para Wilson Lima é: com quem ele vai jogar?
Para disputar o Senado, o governador precisa renunciar ao cargo, entregando o comando do Estado ao vice Tadeu Souza (Avante) — aliado do prefeito David Almeida (Avante), que já anunciou apoio ao senador Omar Aziz (PSD) na corrida pelo governo estadual.

Ou seja, Wilson teria de abrir mão do poder sem garantias políticas. Ficaria sem palanque, sem estrutura e, o mais grave, sem o apoio de uma base sólida. Apoiar um candidato da esquerda é improvável; já alinhar-se à direita significaria disputar espaço com nomes mais identificados com o bolsonarismo.

No fim das contas, o governador se vê num beco político: não tem para onde correr sem perder algo no caminho.

A alternativa: o caminho silencioso

Nos bastidores, há quem aposte que Wilson Lima já analisa uma saída discreta — e pragmática. Encerrar o mandato e, mais adiante, buscar uma vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM).

Seria uma jogada clássica: manter influência política, garantir foro privilegiado e sair de cena sem o desgaste de uma derrota nas urnas.

A decisão, contudo, carrega um peso simbólico. Se não disputar o Senado, Wilson quebrará uma tradição histórica do Amazonas: a de que todo governador encerra o mandato mirando o Congresso.

Entre o poder e a sobrevivência

Wilson Lima chegou ao governo como um outsider, um rosto novo que desafiava as estruturas tradicionais da política local. Agora, ironicamente, ele se vê refém do mesmo sistema que um dia enfrentou.

Se insistir em disputar o Senado, enfrentará adversários experientes e um campo dividido. Se desistir, pode desaparecer do jogo político mais cedo do que esperava.

O tempo, como sempre, é o juiz implacável da política. E para Wilson Lima, ele parece correr mais rápido do que nunca.

Desgaste e má gestão

A gestão do governador Wilson Lima atravessa um momento de desarticulação política e desgaste na mídia. Internamente, o governo tem mostrado dificuldade em manter equilíbrio entre diferentes grupos de apoio, o que resultou no afastamento de antigos aliados e no enfraquecimento de parte de sua base.

Segundo interlocutores próximos ao Palácio do Governo, a falta de diálogo e a dificuldade de “buscar um meio termo” têm isolado Wilson dentro do próprio campo político. O resultado é um clima de incerteza e o início de um processo de desidratação pública, visível no noticiário local e nas redes sociais.

Bastidores aquecem o cenário político

Nos bastidores, a tensão aumenta. Fontes políticas revelam que ex-aliados do governo preparam uma “artilharia pesada” contra o governador, com possíveis revelações e denúncias antigas que podem reacender crises políticas.

Um blogueiro local chegou a antecipar que parte dessa ofensiva envolveria episódios do passado de Wilson Lima. Também relacionados a uma pessoa identificada pelas iniciais A. S. O. da S., filha de L. M. da S. O..

Também há especulações sobre novos ataques direcionados a integrantes do alto escalão do governo, o que pode ampliar o desgaste e gerar mais turbulência na gestão estadual.

Crise de confiança

Analistas avaliam que a perda de sustentação política e midiática coloca Wilson Lima em uma posição frágil diante dos próximos movimentos eleitorais. A instabilidade dentro da base e o distanciamento de antigos parceiros — que agora atuam como opositores — tendem a acirrar o clima político no Amazonas nas próximas semanas.

Nos corredores do poder, a sensação é de que o governo vive um período de isolamento e incerteza, sem articulação clara para conter o avanço das críticas e dos ataques que se anunciam.

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